Colaboradores do jornal Inovação,
sob o cajueiro de Humberto de Campos. 1º plano: Bartolomeu Martins, Vicente de
Paula (Potência), Elmar Carvalho e Canindé Correia; 2º plano: Francisco
Fontenele de Carvalho (Neco), Diderot Mavignier, Francisco José Ribeiro
(Franzé), Sólima Genuína, B. Silva e Reginaldo Costa; 3º plano: Danilo Melo,
Jonas Fontenele de Carvalho, Israel Correia, Porfírio Carvalho, Wilton Porto,
Alcenor Candeira Filho, Flamarion Mesquita e Paulo Martins
Colaboradores do Inovação, quase
todos residentes em Brasília: Porfírio Carvalho, Cícero, Ana Alice, Cândida,
Jonas Carvalho, Madeira Basto, Reginaldo Costa, Ivana, Rinaldo e Ernesto
Magalhães
A SAGA DO INOVAÇÃO
Elmar Carvalho
Há vários dias o romancista Assis
Brasil me pediu que lhe conseguisse uma cópia da entrevista que concedera ao
saudoso jornal Inovação, muitos anos atrás. Nas vezes em que fui a Parnaíba,
tentei consegui-la através do Francisco José Ribeiro (Franzé), companheiro do
Reginaldo Costa na feliz iniciativa de fundarem o periódico. Soube que um filho
dele estava escaneando todos os números do Inovação, o que seria muito
importante para os pesquisadores e interessados, pois apenas o Franzé e o
Reginaldo tinham a coleção completa dos números publicados.
Em “Jornal Inovação – um
Depoimento”, que publiquei em vários livros e na internet, contei a saga do
jornal, suas lutas, suas dificuldades, suas atividades culturais, como
biblioteca, suplementos (encartes), pesquisas sociais e promoções de eventos e
palestras. Nesse trabalho, eu dizia que a história do órgão bem se prestaria a
uma tese de doutorado ou a uma dissertação de mestrado. Tenho conhecimento de
que alguns estudantes escreveram ou estão escrevendo a esse respeito.
O Reginaldo Costa, seu principal
baluarte, escreveu um livro sobre o Inovação, infelizmente ainda não publicado,
que será de grande valia para o conhecimento da efervescência cultural que
Parnaíba então viveu. Através do Vicente de Paula, o nosso bravo Potência, ou
do Canindé Correia, ambos colaboradores assíduos do jornal, recebi, meses
atrás, um cd com a digitalização de todos os seus exemplares, graças ao esforço
de um dos filhos do Franzé.
Acabo de imprimir o número que
traz a entrevista de Assis Brasil, concedida ao Francisco Fontenele de Carvalho
(Neco), no Rio de Janeiro. Entrevista bem feita, longa, de rico conteúdo,
recheada de reminiscências, quando o escritor ainda não retornara ao Piauí, nem
mesmo a passeio. A capa assinalava: Ano VII – Nº 50 – Parnaíba, 31 de outubro
de 1984. Sei que vai causar muita emoção ao Assis Brasil, quando eu lhe
entregar o exemplar que fiz imprimir.
Aproveitei para ver,
virtualmente, vários números, que tive em minhas mãos, em papel, ainda quase
com a tinta fresca, ainda quente, como um pão que tivesse acabado de sair do
forno. Emocionei-me. Voltei a me sentir aquele garoto vibrante, entusiasmado, cheio
de sonhos e ideais, a exalar poesia e literatura por todos os poros. Recordei
as lutas e o idealismo do Reginaldo Costa para publicar o “monstrinho”, como eu
e ele, brincando, chamávamos o periódico.
Achávamos que estávamos
contribuindo para destruir a ditadura militar, que no início do jornal
(dezembro de 1977) ainda era muito forte. Folheando digitalmente esses velhos
números, recordei os amigos, que foram seus colaboradores assíduos. Em
homéricas degustações de crustáceos, que os imbecis chamam de caranguejos, em
tirada pacamônica, regadas a cerveja, o Reginaldo Costa, o Canindé Correia,
Bernardo Silva, De Paula e este diarista, traçávamos a pauta e planejávamos as
estratégias de sobrevivência do jornal, que estava sempre enleado em
dificuldades financeiras, sobretudo quando não mais pode ser editado em
Parnaíba, em consequência de represálias a sua linha independente e ousada.
Escritores, poetas, intelectuais
e artistas plásticos da estirpe de Canindé Correia, Alcenor Candeira Filho, De
Paula, Ednólia Fontenele, João Maria Madeira Basto, Wilton de Magalhães Porto,
Danilo Melo, Israel Coreia, Jonas Carvalho, Airton Menezes, Ana Alice, Sólima
Genuína, Olavo Rebelo, Flamarion Mesquita, Bartolomeu Martins, Paulo Martins,
etc. foram seus colaboradores. Várias outras pessoas, que não escreviam, o
ajudaram, de uma forma ou de outra.
Quase todos éramos amigos
fraternos, e estávamos sempre em contato, seja para discutir o jornal, seja
para conversar em nossos momentos de lazer. Vendo as fotografias do rio Igaraçu
e das ruas inundadas, comprovei, mais uma vez, que naqueles idos já denunciávamos
a lenta agonia do Parnaíba, a devastação dos mangues, a exploração predatória
dos caranguejos e os descasos da administração pública.
Folheando, através da tela do
monitor, essas velhas páginas do Inovação, senti emoção e saudade, do jovem
emotivo e sentimental que fui e dos amigos que citei; das longas viagens de
motocicleta que fiz, na companhia do Reginaldo Costa, a serviço do jornal ou
para acampar, por simples espírito de aventura, em plagas distantes, como Sete
Cidades e Camocim.
No topo das barracas, o Reginaldo fixava a bandeira improvisada do jornal Inovação. Poderia dizer que essa bandeira continua a tremular, para sempre fincada em minha memória e em meu coração.
10 de novembro de 2010
Caro Poeta Elmar Carvalho.
ResponderExcluirComo carecemos, hoje, de um grupo com as características do Movimento Cultural Inovação! Com sala, biblioteca invejável, uma Juventude estudiosa e faminta por mudanças, na nossa cidade, que tínhamos uma adminisração municipal praticamente acéfala. Contudo, em todo o país, a nação sofria perseguição, represálias de todas as formas de violência.
Em Parnaíba, se erguia a bandeira da insatisfação e da coragem de se denunciar.
Não foi à toa, que o Jornal se tornou uma voz que chega a muitos ouvidos Brasil afora. Um Jornal mimeografado, que elevou o senso crítico de uma geração.
Embora sem recursos, odiado por quem apostava no mesmismo, alguns sendo perseguidos, há quem até hoje, esteja sob o reflexo de malqueirança dos idos tempo de 70 a 80.
Lembrar, é saber que, não ficamos com o bumbum preso em uma cadeira, vendo a banda passar.
Muitos estudos foram feitos sobre s história heroica do Movimento.
O Piauí é palco luminar de lutas fervorosas.
Wilton Porto
Acho que você fez o esboço de um excelente artigo sobre o Inovação. Muito bom. Valeu!
ResponderExcluirBom texto sobre a inovação parabéns 8
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