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INGREDIENTES PARA CAMPEONATOS DE SUCESSO: CRAQUES, PAZ, ORGANIZAÇÃO
Antônio Francisco Sousa (*)
Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Para início de conversa, uma prévia informação: no Rio de Janeiro, torço pelo Fluminense: sou tricolor de coração.
Mas que campeonato carioca ruim, o que acabou de acontecer; infelizmente, não foi o primeiro: o do ano passado foi de doer. Trataram de inventar uma estapafúrdia competição: quem ganha as taças – Carioca e/ou Rio – na verdade, nem se credencia para a decisão, mesmo que uma só equipe leve as duas, não melhora sua situação, porque há necessidade de um quadrangular e para possibilitar o torneio, outros times chamarão. Ou seja, entre o vencedor ou vencedores daqueles troféus, pode nem estar o campeão. A propósito, assim aconteceu em dois mil e dezessete, em que o Flamengo, chamado para completar, chegou à final, e foi ele a agremiação ao campeonato ganhar.
Este ano, só para não variar, no Rio de Janeiro da intervenção, Fluminense e Flamengo ganharam as taças, mas nenhum deles foi o campeão. Botafogo e Vasco desceram de paraquedas, sem haver ganho quaisquer dos turnos. Resultado do negócio, desorganizado que só: o Cruz de Malta até que tentou, mas foi o alvinegro da estrela solitária que levou a melhor.
Ou seja, quase em uma espécie de lógica, que dizem não existir no futebol bretão, no carioca de dois mil e dezoito, os quatro “grandes”, por arranjos regulamentares, chegaram à decisão. Esperava-se que ganhasse tudo o Flamengo, dono de um elenco sem igual; se o Vasco tivesse papado uma das taças, nada haveria de anormal; mesmo o Botafogo era um dos favoritos, mas somente se credenciou, também, graças ao regulamento imoral. O Fluminense, coitadinho, dos quatro, era o mais fraquinho; time com mais jovens a jogar, ainda assim foi longe, talvez além do bojador: uma das taças veio a papar.
Como para o torcedor legítimo vale a festa, a gozação, no contestado carioca de dois mil e dezoito não foi diferente, não: deitaram, rolaram e entenderam que tudo deu certo, ao final da competição: Flamengo dono da taça Guanabara; Fluminense da Taça Rio, e não fui eu quem disse; Botafogo, campeão do estado; Vasco da Gama, outra vez vice.
Mudemos para São Paulo, para continuar falando de futebol; dessa feita, do campeonato dois mil e dezoito de lá: não venceu o festejado timaço; ganhou o do ano passado e foi bi, apesar de estar meio que um bagaço. Talvez o haja ajudado as preces petistas do seu fiel torcedor, que de uma fria cela curitibana, rezou ao Deus Salvador, quem sabe pedindo também desculpas, por se se julgar acima do bem e do mal, feito um Todo-Poderoso e divino, mas não passando de um simples mortal. Certo é que suas orações foram atendidas, venceu o Corinthians, sua agremiação querida, transformando um dia de cão, certamente, um dos piores de sua vida, em mais um para servir de lição.
Oportuno dizer que Metafísica não é assunto apropriado para se imiscuir com futebol. Todavia, não resta dúvida de que o campeonato paulista anda mais organizado, mas ainda não conseguiu ser de escol. Confusão em muitas rodadas, arbitragens chinfrins; torcidas únicas nos clássicos tradicionais; violência que mata e assusta, patrocinada por marginais.
Por lá, há quem diga, que o Palmeiras foi o Flamengo paulista, com um elenco de dar inveja a europeu, craques para toda e qualquer lista. O verdão até ameaçou fazer bonito, ganhando partidas de bons times, de outrora, do porte de São Paulo e Santos, mas fraquejou em cima da hora: pegou um invocado Corinthians pela proa, que o despachou e mandou embora.
Na verdade, o futebol é um esporte singular; fala-se que é um jogo que só termina quando acaba, isto se o tapetão concordar, porque existem resultados contestados ad aeternum e nem adianta a Justiça sentenciar, pois para o torcedor é problema só da dona justa, dizer que levou aquele que, na concepção dele, andou foi longe de ganhar.
Comecei a gostar de futebol profissional vendo os times do Rio de Janeiro seu campeonato disputar, claro que já existiam outras competições futebolísticas, mas não valia a pena acompanhar. Hoje, talvez já não possa dizer o mesmo, pelo menos em termos de organização e em número de boas equipes, outros estados estão em melhor situação.
Enxotar a violência para fora dos estádios, valorizar o craque paroquial, melhorar a organização, são ingredientes essenciais para a volta do futebol sensação, emoção, diversão. Proibir que dirigente boquirroto se meta a dar pitaco no que não deve opinar; treinar melhor a arbitragem para que ninguém a note apitar; adotar tecnologias que outros esportes já lançaram mão, mandar o canela-de-pau outra profissão procurar; quem sabe, tudo isso junto, não coloque os campeonatos estaduais brasileiros em um mesmo e ideal patamar?
(*) Articulista, cronista e craque do futebol amador teresinense.
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