POEMITOS DA PARNAÍBA
Texto: Elmar Carvalho
Charges: Gervásio Castro
1. Alain Delon
Situava-se entre o feio e o
horrível
mas se dizia BG: bonito e
gostoso.
Metido a conquistador de
mulheres
conseguia o inverso efeito:
as mulheres – lebres
assustadas –
de Alain Delon fugiam.
Se Alain Delon muito fosse
2. Derocy
Derocy, Ofélia da Parnaíba,
não era um orador oral:
era um orador boçal
em seus discursos
bestialógicos,
ilógicos, escatológicos.
Tirava
do sério o homem sério
quando
disparava seus disparates.
3. Meio-Quilo
Se bem pesado não dava
sequer meio-quilo. Pai de
Cotinha, mulher bonita e
namoradeira nos escuros
do velho Cine-Teatro Éden –
paraíso
de estripulias
estrambóticas e eróticas.
O pequenino Meio-Quilo, de
lanterna em
punho, a roubar Cotinha dos
braços
do namorado, era um filme
à parte.
4. Alarico da Cunha
Poeta. Espírita. Espírito
da carne e do osso, a roer
o osso duro do ofício de
poetar.
Quixótico, exótico: misto
de poeta
e de espírita. Via espíritos
no
ar. Nunca estava sozinho:
quando a poesia lhe faltava
os espíritos surgiam e
se insurgiam contra a
solidão.
Cavalheiro de fino trato:
tirava o chapéu para os
espíritos que só ele via.
Nenhum comentário:
Postar um comentário