Poeta, contista, cronista, romancista, memorialista e diarista. Membro da Academia Piauiense de Letras. Juiz de Direito aposentado. *AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, E NÃO TRADUZEM OBRIGATORIAMENTE A OPINIÃO DO TITULAR DESTE BLOG.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
DIÁRIO INCONTÍNUO
Na primeira foto, Vicentinho enverga a sanguínea e sanguinária camisa alvirrubra do glorioso Caiçara, time do coração do craque. Na segunda, Vicentinho e Elmar. Na terceira, Zé Francisco Marques, Vicentinho e Elmar. Na quarta, Vicentinho e seu filho Henrique, ambos com o uniforme do Comercial, time pelo qual o craque também jogou.
24 de janeiro de 2010
Fui a Campo Maior visitar meus pais. Aproveitei para ir a casa do Henrique, filho do craque de futebol Vicentinho, para tirar umas fotografias deste atleta, com a finalidade de ilustrar uma crônica que fiz em sua homenagem. Foi ele o maior cobrador de faltas do futebol piauiense, por causa da precisão e força de seus chutes. Inteligente, era um grande armador de jogadas, em razão de seus arremessos certeiros e da boa distribuição em seus lançamentos. Atuou nos arquirrivais Comercial e Caiçara, embora este último seja o time de seu coração, pois foi o que o trouxe do Ceará, e foi neste esquadrão, sanguíneo e sanguinário alvirrubro, que atingiu o ápice de sua glória e performance. Enquanto esperava a vinda de Vicentinho, fiquei numa mercearia vizinha, a conversar com o amigo Zé Francisco Marques e o professor de química Carlos Sousa. Através deste, fiquei sabendo que o craque, em virtude de sua alta qualidade, tinha o privilégio, na época em que jogou no Comercial, de não ter que ir para a “concentração”, que ficava no Horto Florestal, do outro lado da barragem. A casa de Vicentinho ficava perto do Estádio Deusdete Melo. Os jogadores, quando estava perto do início do jogo, atravessavam o paredão da barragem e seguiam pela rua onde o atleta residia até a praça futebolística. Contou-nos o Carlos que, duas horas antes da partida, o craque lhe pedia fosse comprar um copo de pinga no bar e mercearia do senhor Antônio Borges, e tomava duas ou três talagadas da calibrina. Um pouco depois, chegava o time comercialino e Vicentinho engrossava o cortejo em direção ao estádio. Carlos Sousa contou ainda um outro episódio interessante da biografia futebolística do atleta. Certo dia, na preliminar do jogo em que o Tiradentes (PI) jogou contra o Flamengo (RJ), o Comercial venceu o Piauí pelo placar de cinco a dois (5 X 2). O magnífico craque Deca marcou três gols, e Vicentinho, dois, em exímias cobranças de falta, em que a bola passou no chamado L da trave, local onde a coruja costuma dormir, no jargão do futebol. Antes de começar a partida principal, o craque flamenguista Zico, no início de sua carreira, foi pedir lições e explicações ao Vicentinho. Acredita-se que essas dicas preciosas foram importantes na irrepreensível trajetória do grande Zico.
Após a conversa e as fotografias, retornei a casa de meus pais, em companhia do Zé Francisco, para inaugurar o que chamei Recanto da Saudade, em homenagem ao bar de mesmo nome, do saudoso Dom Augusto da Munguba. O Recanto fica no quintal da casa, debaixo de frondosa mangueira, enlaçada por belas parasitas e rodeada por outras plantas de menor porte, algumas ornamentais e outras frutíferas.
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