Poeta, contista, cronista, romancista, memorialista e diarista. Membro da Academia Piauiense de Letras. Juiz de Direito aposentado. *AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, E NÃO TRADUZEM OBRIGATORIAMENTE A OPINIÃO DO TITULAR DESTE BLOG.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
DIÁRIO INCONTÍNUO
21 de fevereiro de 2010
Quando eu voltava ao meio dia e meia para casa, vi o Didi a trabalhar na casa de um dos meus vizinhos. Estava literalmente com as mãos na massa, razão pela qual elas estavam sujas de argamassa. Enquanto o Didi trabalhava, meu vizinho enxugava uma cerveja estupidamente gelada, a olhar o trabalho. Parei o carro, para cumprimentá-los. Fiz menção de pegar na mão do Didi, mas ele negaceou, dizendo que suas mãos estavam sujas. Respondi que elas estavam sujas para ele próprio, mas para mim estavam mais limpas do que as de certos engravatados, mais limpas do que os colarinhos de certos políticos, sobretudo do Distrito Federal. Conheço-o faz vinte e cinco anos, desde que vim morar no conjunto Memorare, onde resido até hoje, onde eu e minha mulher criamos nossos dois filhos. Ele ganha a vida prestando pequenos serviços aos moradores, sempre respeitador e bem humorado, sem nunca se queixar, sem nunca se maldizer. Conquistou a estima e a amizade de todos. Às vezes, amanhecia sem um centavo no bolso, mas nunca demonstrava preocupação, e tudo acabava dando certo para ele. Didi sempre me faz lembrar as palavras de Cristo, quando falava que as aves não tem celeiro, mas nunca lhes falta o que comer; que os lírios do campo não fiam e não tecem, mas que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um deles. Didi é mais milionário do que muitos arquimilionários porque pouco possui, mas o que tem lhe é o bastante, e nasceu desprovido da ganância e da ambição. Portanto, tem o reino do céu, aqui mesmo na terra. Sem dúvida, é um bem-aventurado.
Didi é o nosso bombril (1001 utilidades) adoro o didi, sempre quebrando o galho aqui em casa..beijoss
ResponderExcluirMeritíssimo,
ResponderExcluirEstou na leitura do seu livro "Cinqüentanos" e aproveitei para ver a seção "Túnel do Tempo", onde encontrei uma foto sua com o nosso velho amigo Otaviano. Outras fotos remetem a um tempo extremamente importante de nossas vidas, quando éramos adolescentes. Do artigo sobre o pedreiro Didi, extraio uma conclusão imperativa: já li muitos poetas, já ouvi a retórica de muitos doutores, mas você, meu amigo, continua sem igual. Como domina fácil a arte de escrever.
Tô ligado no blog.
Antonio de Souza, Cuiabá-MT
Caro Antônio,
ResponderExcluirPara mim é motivo de muita honra que você continue ligado no blog. Suas palavras são um incentivo para que eu continue perseverando, apesar dos compromissos profissionais e familiares, que todos nós temos. O Otaviano talvez venha ao Piauí em julho ou no final do ano.
Nas bem aventuranças encontramos o modelo de construção da verdadeira felicidade, ela é possível sim, desde que a busquemos nas pequenas coisas.Exemplos como o Didi, servem de modelos, o resto depende do nosso esforço.
ResponderExcluir