Poeta, contista, cronista, romancista, memorialista e diarista. Membro da Academia Piauiense de Letras. Juiz de Direito aposentado. *AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, E NÃO TRADUZEM OBRIGATORIAMENTE A OPINIÃO DO TITULAR DESTE BLOG.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
ARTE-FATOS ONÍRICOS
NAS ÁGUAS DO VELHO MONGE
Flutuávamos, eu e minha mulher, no rio Parnaíba, o velho monge do poeta Da Costa e Silva. A paisagem, contudo, em certos trechos, parecia pertencer a outros rios. Descíamos ao sabor das águas, sem necessidade de esforço. Em certo ponto, passamos por debaixo de uma ponte inacabada, mas já em ruínas, que eu sabia pertencer ao rio Canindé. Adiante, vimos a visão deslumbrante de um brejo, rendilhado de aguapés e outras plantas aquáticas e pontilhado de imensos buritizeiros, de longas e largas palmas, refertos de cachos brônzeos, com frutos em formato de joias. Em outro local, a água parecia marulhar, em ondas miúdas, que mais se assemelhavam a borbulhas efervescentes. Depois, o rio se encontrava com um tributário, notando-se que suas águas seguiam paralelas durante um bom percurso. A textura e a cor das águas eram diferentes, de modo que se notava que eram dois rios, até se misturarem gradativamente alguns quilômetros abaixo. Em dado momento, falei para a minha mulher que estava com medo de uma corredeira que sabia existir, mas ela calmamente disse para eu não me preocupar. Como ela não demonstrou nenhum receio, terminei por ficar tranquilo. Num local em que as águas faziam um moroso remanso, havia umas pessoas tomando banho, uma das quais era do meu conhecimento. Enquanto passava lentamente, cheguei a conversar um pouco com esse banhista, que se mostrava feliz, a se esfregar freneticamente. Até então eu pensava que seguíamos numa boia invisível, mas de repente vi que não flutuávamos. Na verdade, levitávamos sobre as águas.
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