segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO


15 de fevereiro de 2010

De manhã cedo, estive na casa da mãe do Gervásio Castro, que está passando uma temporada em Parnaíba, sua terra natal. Radicou-se no Rio de Janeiro há várias décadas, e assimilou a parte boa do espírito carioca, sobretudo a maneira mais suave de encarar a vida e uma gostosa pitada de senso de humor. Foi ele que ilustrou os meus PoeMitos da Parnaíba, que publiquei em livro, a ser lançado brevemente em Parnaíba, em data a ser marcada pelo presidente da Academia Parnaibana, Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos. Não nos conhecíamos pessoalmente, mas apenas através de e-mails e de telefonemas, embora tenhamos vários amigos comuns. Posso dizer que o Gervásio captou o que eu quis transmitir através dos PoeMitos de um modo tão perfeito, como eu jamais poderia imaginar. Soube retratar a parte satírica e erótica com muita criatividade, de modo sutil, elegante, delicado mesmo, que não agride a sensibilidade de ninguém, dando ao personagem graça, leveza, com certeira dose de humor, que disfarça a parte mais crua da nudez e de eventual escatologia de alguns dos poemas. Suas charges são coloridas, mas com cores que se harmonizam entre si e com o desenho ou retrato. Tentou extrair das personalidades o que elas tinham de mais belo ou de mais pungente. Seus traços são perfeitos, mesmo quando se avizinham da caricatura e sempre parecem respeitar as leis da perspectiva e da proporcionalidade, mesmo quando têm como objeto alguma deformação física. Por isso mesmo, mereceu o elogio do prefaciador, o mestre e doutor em Literatura Brasileira, Cunha e Silva Filho, crítico abalizado, ensaísta da melhor estirpe e cronista de mérito. Seu irmão, Fernando Castro, é outro monstro sagrado e consagrado da charge e da caricatura. O Gervásio está levando a cabo a missão difícil de ilustrar o poema épico moderno A Zona Planetária, de minha autoria, que pretendo transformar em livro, com o acréscimo de um ensaio sobre os velhos cabarés. Sem dúvida a cumprirá com brilhantismo, pois suas charges, em muitos momentos, têm rasgo de verdadeira genialidade. Será prefaciado pela Teresinha Queiroz, uma de nossas maiores escritoras e historiadoras, membro da APL, com vários livros importantes publicados.

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