Poeta, contista, cronista, romancista, memorialista e diarista. Membro da Academia Piauiense de Letras. Juiz de Direito aposentado. *AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, E NÃO TRADUZEM OBRIGATORIAMENTE A OPINIÃO DO TITULAR DESTE BLOG.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
DIÁRIO INCONTÍNUO
20 de fevereiro de 2010
Hoje à tarde, encontrei no shopping Teresina, no chamado “senadinho”, que não costumo frequentar, o jornalista Toni Rodrigues, meu conhecido há vários anos. Além de correto como cidadão e profissional, é também homem culto e escritor de mérito, tendo escrito ficção policial, o que denota o seu espírito investigativo e questionador. Já escreveu textos de caráter historiográfico, mormente sobre os crimes rumorosos ocorridos no estado. Nasceu em Piripiri, em 1968, mas é radicado em Altos desde a meninice. Tempos atrás, confessou-me haver lido a antologia parnaibana Poemágico – a nova alquimia, publicada em 1985, de que faziam parte os poetas Alcenor Candeira Filho, Jorge Carvalho, V. de Araújo, Paulo Véras e Elmar Carvalho. Disse haver gostado da coletânea, o que muito me honra. Na conversa que mantivemos nesta tarde, terminou falando sobre o famigerado caso do fogo que era ateado em casas de palha, na Teresina da época do interventor Leônidas de Castro Melo, que até hoje desperta controvérsias e especulações, sem que se tenha certeza sobre quem tenha sido efetivamente o mandante desses incêndios, que atormentaram as pessoas pobres, residentes na periferia da capital. Entendo que a maioria dos estudiosos defende a tese de que o autor intelectual tenha sido o coronel Evilásio Vilanova, comandante da Polícia Militar do Estado, tanto com o objetivo de que fosse criado o corpo de bombeiros, como para lançar a culpa em políticos da época, e, assim, cavar a possibilidade de vir a ser o governante do Piauí. Leônidas era um homem sério, honrado e honesto, tanto que saiu pobre do poder, não obstante haver governado o estado com amplo e quase ilimitado poder, por mais de dez anos, ininterruptamente. Claro que teve seus erros, e entre estes geralmente é apontada a aposentadoria compulsória dos desembargadores Arimatéia Tito, Simplício Mendes e Esmaragdo Freitas. Pelo que sei, Leônidas Melo nunca contou a sua versão sobre quem seria o mandante desses incêndios, preferindo guardar perfeito silêncio, por motivo que desconheço. Soube que, já em idade provecta, prometeu que relataria a verdade sobre esse triste fato da História Piauiense a pessoa de sua confiança, mas terminou falecendo, sem fazer a anunciada revelação. Também soube que, muitos anos após esses fatos, ele teria recebido a inesperada visita de Vilanova. Os dois conversaram a sós, sem que nunca alguém tenha sabido o teor da conversa. O escritor Victor Gonçalves escreveu um conto sobre esses lamentáveis acontecimentos e o historiador Alcides Nascimento publicou uma volumosa obra sobre o assunto. Leônidas escreveu um livro de memórias, titulado Trechos do Meu Caminho, que tem passagens interessantes, antológicas mesmo, algumas até que são verdadeiras lições de vida, mas que não encerram o caso. Toni Rodrigues revelou-me ter novas informações a acrescentar sobre o que já se escreveu a respeito desse tema, pois leu documento que os outros historiadores não teriam compulsado, bem como sobre o episódio da demissão de Evilásio Vilanova, que era coronel do Exército, e não era piauiense. Esperemos, pois, que o jornalista e escritor Toni Rodrigues traga luzes a esse episódio histórico ainda um tanto penumbroso, ou ainda não completamente esclarecido.
Este fato desperta em mim uma grande curiosidade, ouvi falar muito destas tragédias através de parentes que viveram na época, existe muita especulação em cima de tudo isso. Sobre o Coronél Vilanova, conheço algumas pessoas desta família, acredito ser do mesmo tronco, vou indagar.
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