Poeta, contista, cronista, romancista, memorialista e diarista. Membro da Academia Piauiense de Letras. Juiz de Direito aposentado. *AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, E NÃO TRADUZEM OBRIGATORIAMENTE A OPINIÃO DO TITULAR DESTE BLOG.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
DIÁRIO INCONTÍNUO
13 de fevereiro de 2010
Vindo passar os dias de carnaval em Parnaíba, resolvi dar uma boa folheada no livro Barras – histórias e saudades, de Antenor Rêgo Filho, que já havia lido alguns meses atrás. O autor foi um dos fundadores da Academia de Letras do Vale do Longá, entidade a que tive ingresso com o apoio seu e do falecido Geraldo Majella de Carvalho, meu parente e amigo. Foi seu presidente em três mandatos, sendo que na sua última gestão o sodalício conseguiu adquirir a sua sede própria, a cuja solenidade de inauguração tive o prazer de estar presente. O livro conta a saga da comunidade barrense, desde o seu primórdio, no século 18, quando o fazendeiro e empreendedor Miguel de Carvalho e Aguiar, filho do grande Bernardo de Carvalho e Aguiar, fundador de Campo Maior e de outras comunidades, instalou a sua fazenda e currais e possibilitou a construção da capela católica, até a década de setenta. Como se sabe, as cidades piauienses, normalmente, surgiram em derredor de currais e de templos católicos, e Barras não foi uma exceção. A obra foi prefaciada por Ribamar Garcia e contou com os depoimentos dos escritores Carlos Nejar, Adrião Neto e Herculano Moraes. Narra os principais fatos da história política do município, citando os seus protagonistas, mas também se refere aos costumes, folclore e cultura barrenses, em que conta episódios anedóticos e pitorescos. A urbe tem o epíteto de Terra dos Governadores, por ter dado vários governantes ao Piauí e a outras unidades federadas, mas bem poderia ser chamada, igualmente, de terra de intelectuais, uma vez que forneceu ao estado vários escritores e poetas de nomeada, entre os quais o autor da obra em comento. O opúsculo também é enriquecido por cópias de importantes documentos e fotografias que nos levam ao passado, quando Barras era uma cidadezinha bucólica, com belas praças, quase uma ilha, através do abraço aquático do Marataoan, e dos demais rios que desembocam no Longá, formando as barras, que originaram seu nome. Lamentavelmente, muitos dos prédios, vistos nas fotografias, foram destroçados pela desídia, insensibilidade ou ganância dos homens. Meus ancestrais paternos são barrenses, e por essa razão, na minha infância bebi dessas águas, quando lá estive a passeio, e na minha adolescência banhei e mergulhei na barragem, e contemplei, embevecido, a Ilha dos Amores. Por tudo isso, pude fazer o meu poema Barras das Sete Barras, cujo vídeo pode ser visto no excelente site cultural Entre-textos do professor, poeta e romancista Dilson Lages, ilustre barrense, um dos expoentes literários do Piauí. Do meu conhecimento, o livro de Antenor Rêgo Filho é o mais completo inventário histórico, folclórico, geográfico e cultural do município de Barras.
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