Poeta, contista, cronista, romancista, memorialista e diarista. Membro da Academia Piauiense de Letras. Juiz de Direito aposentado. *AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, E NÃO TRADUZEM OBRIGATORIAMENTE A OPINIÃO DO TITULAR DESTE BLOG.
segunda-feira, 8 de março de 2010
ARTE-FATOS ONÍRICOS E OUTROS
A BARCA E OS CAVALEIROS DO APOCALIPSE
O céu começou a ficar carregado, como se fosse chover. Partículas sólidas e sujas pairavam no ar, prenunciando uma chuva ácida. Bruscamente sobreveio a tempestade. Nuvens giravam no céu em alucinante velocidade, formando um torvo torvelinho. Quando a velocidade giratória das nuvens diminuiu observei que vinha um grande e arcaico barco, com um grande rombo em seu casco remendado, conduzindo os quatro cavaleiros do apocalipse. Achei estranho o fato de que eles vinham naquela velha banheira, e não em seus árdegos e fogosos corcéis, como anunciado na profecia, ou, ao menos, numa lancha movida a jato, ou num caça supersônico, que seria o mais adequado a sua missão de extermínio. Estranhei, mas achei que fosse mesmo coisa do final do mundo ou dos tempos, o que daria no mesmo nonsense. Quando eu dava tudo como consumado, diante daquelas figuras apocalípticas, eis que as nuvens, por onde o barco singrava, voltaram a girar vertiginosamente, numa velocidade cada vez mais alucinante, até que se transformaram num buraco negro e tragaram o barco e seus tripulantes. Mais uma vez o final do mundo não se consumara. Respirei aliviado e segui em frente, quando vi o buraco negro devorar-se a si mesmo, e transformar o céu tempestuoso em ameno e azul céu de brigadeiro.
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