quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO


4 de agosto

BENJAMIM SANTOS, O RETORNO

ELMAR CARVALHO


Em minha recente estada em Parnaíba, visitei o teatrólogo e escritor Benjamim Santos. Mantivemos uma longa conversa em sua residência, na avenida Presidente Vargas. Falei-lhe de meus projetos na área literária, inclusive de que estou escrevendo dois livros em meu blog, este Diário Incontínuo e o Arte-Fatos Oníricos e Outros. Benjamim é filho de Benedito dos Santos Lima, que criou o Almanaque da Parnaíba e o editou por vários anos; este anuário, ainda em atividade, foi depois publicado sob a responsabilidade do empresário Ranulpho Torres Raposo, do seu neto Manuel Domingos Neto (uma edição) e é atualmente a revista da Academia Parnaibana de Letras, que já lhe publicou várias edições, com alguma alteração na linha editorial. O dramaturgo esteve muitos anos afastado do Piauí. Arrebatou prêmios, teve peças montadas por importantes companhias, escreveu livros e peças teatrais. Produziu textos que foram encenados em grandes apresentações ao ar livre, sob o patrocínio da Prefeitura Municipal e da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Destacam-se, entre esses espetáculos, Paixão de Cristo, Auto de São Sebastião e Auto de Corpus Christi, que foram montados, durante vários anos, no encerramento das procissões. Pode-se, portanto, dizer que foi, viu, venceu e... voltou. Voltou para o bem do Piauí e de sua Parnaíba. Tenho observado em várias pessoas e em mim mesmo, que a partir da maturidade começamos a sentir a vontade de regressar aos pagos de nossa infância e adolescência; um verdadeiro chamado de sereia a que muitos não conseguem resistir. É como se fosse a nostalgia de nosso entardecer, misto de saudade e encantamento.

Benjamim retornou, e como se quisesse recuperar o tempo, não digo perdido, muito pelo contrário, mas não vivido em sua cidade, começou a desenvolver um trabalho árduo e louvável em prol da cultura parnaibana. Sem dúvida, foi dinâmico secretário municipal da Cultura, promovendo eventos populares, incentivando o folclore, apoiando os folguedos, sobretudo os juninos, especialmente a dança do boi, uma verdadeira ópera popular, com todos os seus adereços, música, encenação, enredo e personagens; entre as obras físicas criadas em sua gestão, merecem menção especial o Museu do Trem e o Jardim dos Poetas. Como pessoa física continua estimulando a literatura, os brinquedos populares e o teatro. E graças a seu esforço pessoal e perseverança, criou o jornal O Bembém, cujo título é uma homenagem a seu pai, um dos mais importantes periódicos culturais do Piauí, já com mais de trinta edições, o que é uma tarefa de invulgar merecimento, mormente pelas dificuldades que certamente encontra para manter a sua regularidade mensal. Nesse jornal vem escrevendo excelentes matérias literárias e em defesa da cultura e de todas as manifestações artísticas. De maneira especial, registro a bela série de textos que elaborou sobre notáveis mulheres parnaibanas, que bem poderia ser publicada como um pequeno grande livro. Em seus trabalhos, mesmo os de caráter apenas jornalístico, tenho notado que é um perfeccionista, com o seu estilo límpido, fluente, escorreito, e sempre primando pelo bom conteúdo. Encerrando, repito: Benjamim foi, viu, venceu e... Voltou para ficar e empreender o inestimável trabalho cultural que vem desenvolvendo.

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