sábado, 16 de julho de 2011

ANTOLOGIA DO NETTO

TEXTO E CHARGE: JOÃO DE DEUS NETTO


ABDIAS SILVA

"Qualquer notícia, mesmo a mais importante, cabe em 30 linhas! Mas, ô, Abdias, e se a bomba atômica explodir? Perguntou o iniciante Paulo José Cunha. E ele: "É a mesma coisa, bota tudo em 30 linhas. Vai ter tão pouca gente pra ler, que 30 linhas continua sendo um bom tamanho pra contar a história...".

Abdias Silva nasceu em Campo MaiorPiauí, e conviveu, nas escolas que cursou, com o ex-Senador e ex-Governador de Minas,Francelino Pereira, e com o jornalista Carlos Castelo Branco. Com a ida de Francelino para Minas e de Castelinho para o Rio, Abdias passou a acalentar o sonho de se transferir para o Sul. Teve a ideia, então, de enviar uma carta ao escritor Érico Veríssimo, em Porto Alegre.Tinha apenas 16 anos de idade. O texto da carta encantou o escritor, que enviou telegrama “Via Western”, com poucos dizeres: “Venha, já acenei com o Dr. Breno Caldas um emprego para você no Correio do Povo. Caldas era dono do jornal. E, numa época de transporte pouco favorável, Abdias Silva viajou de navio, um Ita do Norte, fez escala em Salvador, onde deveria encontrar-se com Érico Veríssimo, que estaria de passagem dos Estados Unidos, mas houve um desencontro e ele foi então à residência de Jorge Amado, anunciando à porta que era um jornalista. Amado o recebeu com uma indagação: “Vocêé o Abdias Silva?” Abdias confirmou e quis saber como ele, Amado, sabia seu nome. “O Érico me telegrafou, pedindo-me que o recebesse. Ele – o escritor viajaria ao exterior – adiou a viagem por atraso no visto”.Em Porto Alegre, com a recomendação de Érico Veríssimo, Abdias passou a integrar a redação do Correio do Povo que mais tarde o transferiu para o Rio, para a cobertura do Senado e da Câmara dos Deputados.Poucos anos após a transferência da Capital para Brasília, Abdias também foi transferido para a sucursal do Correio, passando a trabalhar depois no Jornal do Brasil e em o Estado de S. Paulo.Grande amigo de Castelinho, Abdias era o primeiro a ler a Coluna do Castelo, que era, então, o mais importante artigo da imprensa brasileira. Ele a lia no original, na redação da Sucursal do JB. Às vezes, quando Castelo viajava, Abdias escrevia a coluna.

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