sábado, 10 de dezembro de 2011

P E R F I S A C A D Ê M I C O S - MATIAS OLÍMPIO DE MELO


REGINALDO MIRANDA

O segundo presidente da Academia Piauiense de Letras foi Matias Olímpio de Melo que, embora não sendo um dos fundadores, porque estava ausente de Teresina na época da fundação, aderiu a ela desde a primeira hora. Sucedeu a gestão de Clodoaldo Freitas.
Nasceu no dia 15 de setembro de 1882 na Fazenda São José, do Município de Barras(PI), filho de José Olimpio de Melo, ex-deputado estadual, e de Inácia Olimpio de Melo. Faleceu no dia 28 de junho de 1967, na cidade de Teresina(PI). Foi casado em primeiras núpcias com Maria José Mendes de Melo e em segundas núpcias, com Marcolina de Arêa Leão Melo, deixando descendência de ambos os matrimônios.
Magistrado, jornalista, político e escritor, iniciou os primeiros estudos em sua terra natal, passando posteriormente para Teresina, capital do Estado, onde cursa o ensino ginasial e secundário, concluindo este último no Liceu Piauiense. Mudando-se para Pernambuco, cursa Direito na Faculdade de Direito do Recife, concluindo o curso em 1904.
Depois de formado retorna para Teresina, onde vai nomeado promotor público da Capital, exercendo o cargo de 1905 a 1907. De 1914 a 1915, exerceu o cargo de diretor da Empresa de Correios e Telégrafos. Foi secretário de Governo em três administrações.
Mudando-se para o Território do Acre, vai nomeado juiz municipal de Sena Madureira, no ano de 1915, sendo depois promovido a juiz federal da comarca de Taraucá, no mesmo Território. Durante a Era Vargas exerceu o cargo de juiz federal na Bahia(1931 – 1937) e em Pernambuco (1937 – 1945).
Ainda no início de sua vida profissional atuou no magistério, sendo um dos fundadores do Ateneu Piauiense, onde lecionou História e Português. Militou também no jornalismo, sendo colaborador dos jornais A Pátria, O Monitor e diretor do jornal O Estado do Piauí. Conferencista, crítico literário, cronista, publicou alguns trabalhos interessantes, a saber: Pensamento e Ação; Ensaios, Discursos e Conferências; Discursos e Pareceres; Rumos e Atitudes; Falando e Escrevendo e Despachos e Sentenças. Membro da Academia Piauiense de Letras, exerceu a presidência dessa instituição(1924 – 1929) exatamente entre as gestões de dois ícones da Casa, Clodoaldo Freitas e Higino Cunha, contribuindo com sua ação para consolidá-la como vanguarda da cultura piauiense.
Matias Olímpio filiou-se ao Partido Republicano Piauiense, sendo eleito governador do Piauí em 1924, e exercendo o mandato de 01.07.1924 a 01.07.1928. Durante essa gestão teve de combater firmemente o banditismo que assolava o sul do Estado, pacificando a região. Teve também de enfrentar a invasão do Piauí pela Coluna Prestes, reforçando as passagens do Parnaíba e a defesa da Capital. Graças à ação enérgica do governo em 31.12.1925, foi preso na localidade Areias, arredores de Teresina, pelo coronel Antonio da Costa Araújo Filho, o militar Juarez Távora, um dos comandantes da Coluna. Posteriormente libertado por intervenção de D. Severino Vieira de Melo, Bispo de Teresina.
Durante essa gestão governamental, adquiriu o prédio e instalou o governo piauiense no atual palácio de Karnak. Entre outras realizações, tentou fomentar a economia do Piauí, baseada majoritariamente na exportação da carnaúba; deu amplo incentivo à construção da ferrovia que ligava Petrolina(PE) a Teresina. Todavia, o presidente da República, Washington Luís, empossado em 15 de novembro de 1926, suspendeu a execução dessa e de muitas outras obras de grande porte, com o objetivo de restabelecer a estabilidade cambial do país.
Em 1928, Matias Olimpio deixou o governo do Estado, passando o cargo ao governador eleito João de Deus Pires Leal e a Humberto de Arêa Leão, vice-governador e seu cunhado, ambos correligionários. Entretanto, não demorou para que Matias Olímpio passasse à oposição. Posteriormente, quando da campanha eleitoral para a escolha do presidente e vice-presidente da República, aderiu à Aliança Liberal, apoiando as candidaturas de Getúlio Vargas e de João Pessoa, respectivamente. Com a derrota destes, Matias Olímpio participou ativamente do movimento revolucionário de 1930, liderado no Piauí pelo desembargador Vaz da Costa. Foi um dos organizadores do assalto ao 25º Batalhão de Caçadores e ao Quartel-General da Policia Militar. Os rebeldes chefiados por Vaz da Costa em poucas horas tomaram o poder no Piauí. O capitão Humberto de Arêa Leão ocupou provisoriamente o Governo do Estado, deixando o posto em 29 de janeiro de 1931. Depois disso, Matias Olimpio ainda conseguiu a indicação para Interventor Federal no Piauí, do juiz Raimundo Campos, mas este não aceitou a indicação, ambos desavindo-se com Vaz da Costa. Então, o ex-governador Matias Olímpio afastou-se provisoriamente da política, indo exercer seu cargo de juiz federal na Bahia.
Com a redemocratização do País, em 1945, o ex-governador Matias Olímpio foi dos primeiros que se apresentaram na trincheira de luta para organizar o diretório estadual da União Democrática Nacional(UDN), de que foi presidente. Por essa legenda foi eleito Senador Constituinte no pleito travado em dois de dezembro daquele ano, juntamente com Esmaragdo de Freitas. Votada a Constituição Federal em 1946, o Senador Matias Olímpio permaneceu por toda a legislatura ordinária (05.02.1946 – 31.01.1955). Durante esse primeiro mandato exerceu a vice-presidência da Comissão de Relações Exteriores, membro das Comissões de Finanças e de Serviço Público, tendo participado ainda da Comissão Especial de Navegação Tocantins-Parnaíba. Ardente defensor do monopólio estatal do petróleo, foi nomeado vice-presidente do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN).
Em 1954, depois de abandonar a UDN e organizar o Partido Trabalhista Brasileiro(PTB), candidata-se à reeleição por essa legenda em coligação com o PSD, sendo reeleito para o Senado da República (1955 – 1963). Nessa legislatura exerceu os cargos de suplente da Comissão Diretora do Senado(1958 - 1959), quarto-secretário(1961) e novamente suplente(1962). Concluindo esse mandato aos oitenta anos de idade não mais se candidatou, indicando um filho, João Mendes Olímpio de Melo, para deputado federal, que foi eleito.
Matias Olímpio foi estrela de primeira grandeza na política piauiense, sendo justa e merecida a homenagem que recebeu com o nome de um município piauiense. Na qualidade de ex-presidente da Academia Piauiense de Letras, hoje lhe traçamos o perfil.

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