A era digital veio para ficar, com todos os seus traços benéficos e maléficos. Agora, os seus primeiros golpes se voltam para o papel escrito. Não respeitou os antigos, nem a chegada da imprensa graças a Gutemberg. Pergaminhos, nem se fala. Tudo virou História e museu.
Agora, o que impera é o monitor, as telinhas dos mil gadgets da tecnologia de ponta Aos poucos, nos vamos acostumando com os novíssimos tempos de uma modernidade que se eterniza e dá as costas para o tempo e as divisões múltiplas culturais, os períodos, os anos, os séculos, as eras, o calendário, o relógio. Pra que agora se preocupar com a ampulheta, se temos, diante de nós, o tempo intemporal, as galáxias num universo que, segundo os cientistas, cresce a passos largos (ou a passos lentos?).
Não me importo com a objetividade de afirmações pouco objetivas. Sei dos meus limitados conhecimentos racionais. Quero, antes, a sensibilidade, moeda forte que anda esquecida nos corações humanos. É feio, é insensato, coisa de mulher alguém, em tempos correntes, mostrar-se sensível, sentimental, amoroso, delicado. Iriam tachar esse “alguém “de pouco viril ou de outros epítetos preconceituosos.
Esta notícia que nos vem pela imprensa – que ironia das coisas! – de que o e-book vai tomando o lugar privilegiado do livro impresso vem como uma bomba na cabeça dos bibliófilos e bibliômanos, dos bookwoms. Coitados de nós, que amamos tanto o pegar num livro, folheá-lo, fazer anotações a lápis nas margens, sublinhar o que nos chama a atenção, sentir o cheiro do papel, velho ou novo, ver a capa, tocá-la, ver as suas cores, as ilustrações, a contracapa, as orelhas, senti-las materialmente, ver o tamanho dos tipos impressos, examinar o livro em todos os seus aspectos físicos, ângulos, levá-lo para a cama, para o sofá, para um canto recolhido da casa, buscá-lo na prateleira, ver-lhe a lombada. Ah, nada mais agradável do que o livro impresso! Nada mais precioso do que ter uma biblioteca. Que solene! Amei sempre as bibliotecas, as particulares, as públicas. Não sei como seria o mundo futuro sem a condição secular do livro impresso.
Na minha visão profética ( quanta audácia minha!), vejo seres mecanizados, apressados, sobraçando e-books, insípidos, sem requinte, sem nobreza, sem linhagem, sem nada. Lá estão no futuro aqueles homenzinhos abrindo seus aparelhinhos digitais, lendo as obras dos grandes escritores de todos os tempos ou de nenhum tempo, os bons, os médios, os ruins, os best-sellers, satisfeitos de seus livros virtuais, somente preocupados com o sinal eletrônico avisando-os de que, a qualquer hora, a bateria acabará. Mas, há a eletricidade, a energia, para recarregá-lo em algum lugar onde exista um tomada. Já o livro impresso prescinde de tudo isso. Se com ele tivermos cuidados, dura muito tempo, até séculos, ainda que, como os seres humanos, envelheçam e se estraguem.
Ontem, vi na tevê e, depois, no jornal, que em Nova Iorque, as livrarias estão fechando as portas, ou seja, como dizia o aviso nas portas das livrarias: “... out of business”. Oh, triste destino das livrarias. Aqui no Rio de Janeiro, uma conhecida livraria portuguesa, a Camões, está fechando, ou já fechou as portas. Lamentável! Um proprietário de sebos no Centro do Rio me havia dito pouco tempo atrás que os sebos e as livrarias estavam diminuindo. Boas livrarias, como a Martins, também fecharam suas portas na filial do Centro carioca. Novos tempos, novos problemas.
É bem provável que o livro impresso, se resistir no futuro, será adquirido só por milionários dado o altíssimo preço que terão. Entraremos na Idade Média das publicações, só acessíveis à nobreza.
Assim anda a roda do tempo. A força da maioria prevalecerá. Para os leitores do futuro serão os e-books tão normais quanto para mim e outros agora são as obras impressas. Nos tornaremos pré-históricos para tais leitores. “O quê, livro de papel, que é isso, quando houve esse tempo?,” refletirão atônitos os leitores dos futuro.
As grandes bibliotecas de agora virarão novas alexandrias, só que digitalizadas. No entanto, os velhuscos livros do passado, ainda atualmente existentes, durante algum tempo indeterminado do futuro, deixarão de existir. Não resistirão ao tempo devorador da matéria.
Não estaremos vivos para conferir tudo isso, nem os que nasceram agora. Seremos passado como o são os gregos antigos, os latinos, os povos do Oriente. A História, esta “mestra da vida” segundo Heródoto, será armazenada em “ bibliotecas” gigantescas digitais, que, por sua vez, tomarão outros espaços, tal como as bibliotecas do nosso conhecimento, porque tudo tem limites, até para caber a História da Humanidade.
Agora, o que impera é o monitor, as telinhas dos mil gadgets da tecnologia de ponta Aos poucos, nos vamos acostumando com os novíssimos tempos de uma modernidade que se eterniza e dá as costas para o tempo e as divisões múltiplas culturais, os períodos, os anos, os séculos, as eras, o calendário, o relógio. Pra que agora se preocupar com a ampulheta, se temos, diante de nós, o tempo intemporal, as galáxias num universo que, segundo os cientistas, cresce a passos largos (ou a passos lentos?).
Não me importo com a objetividade de afirmações pouco objetivas. Sei dos meus limitados conhecimentos racionais. Quero, antes, a sensibilidade, moeda forte que anda esquecida nos corações humanos. É feio, é insensato, coisa de mulher alguém, em tempos correntes, mostrar-se sensível, sentimental, amoroso, delicado. Iriam tachar esse “alguém “de pouco viril ou de outros epítetos preconceituosos.
Esta notícia que nos vem pela imprensa – que ironia das coisas! – de que o e-book vai tomando o lugar privilegiado do livro impresso vem como uma bomba na cabeça dos bibliófilos e bibliômanos, dos bookwoms. Coitados de nós, que amamos tanto o pegar num livro, folheá-lo, fazer anotações a lápis nas margens, sublinhar o que nos chama a atenção, sentir o cheiro do papel, velho ou novo, ver a capa, tocá-la, ver as suas cores, as ilustrações, a contracapa, as orelhas, senti-las materialmente, ver o tamanho dos tipos impressos, examinar o livro em todos os seus aspectos físicos, ângulos, levá-lo para a cama, para o sofá, para um canto recolhido da casa, buscá-lo na prateleira, ver-lhe a lombada. Ah, nada mais agradável do que o livro impresso! Nada mais precioso do que ter uma biblioteca. Que solene! Amei sempre as bibliotecas, as particulares, as públicas. Não sei como seria o mundo futuro sem a condição secular do livro impresso.
Na minha visão profética ( quanta audácia minha!), vejo seres mecanizados, apressados, sobraçando e-books, insípidos, sem requinte, sem nobreza, sem linhagem, sem nada. Lá estão no futuro aqueles homenzinhos abrindo seus aparelhinhos digitais, lendo as obras dos grandes escritores de todos os tempos ou de nenhum tempo, os bons, os médios, os ruins, os best-sellers, satisfeitos de seus livros virtuais, somente preocupados com o sinal eletrônico avisando-os de que, a qualquer hora, a bateria acabará. Mas, há a eletricidade, a energia, para recarregá-lo em algum lugar onde exista um tomada. Já o livro impresso prescinde de tudo isso. Se com ele tivermos cuidados, dura muito tempo, até séculos, ainda que, como os seres humanos, envelheçam e se estraguem.
Ontem, vi na tevê e, depois, no jornal, que em Nova Iorque, as livrarias estão fechando as portas, ou seja, como dizia o aviso nas portas das livrarias: “... out of business”. Oh, triste destino das livrarias. Aqui no Rio de Janeiro, uma conhecida livraria portuguesa, a Camões, está fechando, ou já fechou as portas. Lamentável! Um proprietário de sebos no Centro do Rio me havia dito pouco tempo atrás que os sebos e as livrarias estavam diminuindo. Boas livrarias, como a Martins, também fecharam suas portas na filial do Centro carioca. Novos tempos, novos problemas.
É bem provável que o livro impresso, se resistir no futuro, será adquirido só por milionários dado o altíssimo preço que terão. Entraremos na Idade Média das publicações, só acessíveis à nobreza.
Assim anda a roda do tempo. A força da maioria prevalecerá. Para os leitores do futuro serão os e-books tão normais quanto para mim e outros agora são as obras impressas. Nos tornaremos pré-históricos para tais leitores. “O quê, livro de papel, que é isso, quando houve esse tempo?,” refletirão atônitos os leitores dos futuro.
As grandes bibliotecas de agora virarão novas alexandrias, só que digitalizadas. No entanto, os velhuscos livros do passado, ainda atualmente existentes, durante algum tempo indeterminado do futuro, deixarão de existir. Não resistirão ao tempo devorador da matéria.
Não estaremos vivos para conferir tudo isso, nem os que nasceram agora. Seremos passado como o são os gregos antigos, os latinos, os povos do Oriente. A História, esta “mestra da vida” segundo Heródoto, será armazenada em “ bibliotecas” gigantescas digitais, que, por sua vez, tomarão outros espaços, tal como as bibliotecas do nosso conhecimento, porque tudo tem limites, até para caber a História da Humanidade.
Lamento ter que concordar com texto, mas é a pura realidade, até mesmo os textos hoje se modificaram e a "galera" só escreve: vcs, tbem, bjos" e por aí vai, é como se disse no texto, é a roda do tempo esmagando a tudo e a todos, é a velocidade da informação. Me recordo que não faz muito tempo, trabalhei em São Paulo, numa das primeirs máquinas de cópias - da empresa XEROX que se tornou símbolo de cópia, hoje essas máquinas estao em quase todos os lares cibernéticos, papel, ora papel, pra ele será reservado um local especial, para que as futuras gerações saibam como ele era, mas dizem que tudo na vida tem seu lado bom, as madeiras agradecem. Parabéns pelo artigo. Jonas Fontenele
ResponderExcluirO autor do texto, meu amigo Cunha e Silva Filho, captou muito bem a decadência das livrarias. Ele, assim como eu, gosta de folhear um bom livro de papel. Entretanto, dentro de dois anos,irei comprar um leitor de ebook, que se adapte o mais possível a meu perfil, ou seja, que melhor imite um livro convencional.
ResponderExcluirJonas Fontenele,
ResponderExcluirO grande prazer de quem escreve é saber que não está sozinho nas suas lamúrias, nas suas indignações, no seu ângulo de opinião sobre homens, fatos e coisas.
Um abraço do
Cunha e Silva Filho
Elmar Carvalho:
ResponderExcluirHa tempos não lhe faço comentários. Não isso, porem, significar que não lhe tenho llido os textos de seu blog, que aparecio e aplaudo e recomendo pelos seus textos mesmos e pelos textso competentes de outros autores que agalha no blog.
Vejo com muita apreensão a invasão das leituras virtuais. Eu, que sou um apaixonado pelo livro imresso a ponto de ter um hobby, que é o de comprar obras de sebos de antigos livros que , em anos pretéritos, não havia tido a oportunidade e a possibilidade de adquirir.
A propósito, quando é que vai reclher, seleconar os seus melhores textos em prosa deste blog? Por que não faz uma antlçogia reunindo os seus melhores poemas assim como um outro reunindo seus prefácios, introduções,conferências, apareciações críticas e até mesmo poemas ineditos que provavelmente tenha escrito neste autoexilio poético?
Um forte abraço do
Cunha e Silva Filho
Caro Cunha,
ResponderExcluirEstou propenso a reunir, daqui a dois aproximadamente, os meus contos, que publiquei no blog, a vários dos quais você teceu pertinentes comentários. Obrigado pela "força" e incentivo de sempre.