Os noivos Jamylle e Jorge Daniel |
Os noivos e seus pais, vendo-se: Alfredo, Sued, Jamylle, Jorge, Antônio das Chagas e Maria do Rosário |
20 de junho Diário Incontínuo
CASAMENTO E OUTRAS LEMBRANÇAS
Elmar Carvalho
Meses atrás, o advogado da Eletrobrás/Piauí Alfredo da Paz Neto, um amigo de várias décadas, ao telefone, pediu-me para celebrar o casamento de sua filha. Prontifiquei-me a desempenhar esse ofício, que foi realizado neste sábado. Revi alguns amigos, meus e deles. Entre outros, ali estavam o senhor Silvério, sua mulher Maria Dalva e a filha do casal, Rosário. Silvério foi por muitos anos administrador da empresa Marc Jacob em Campo Maior. Conversamos sobre o fastígio e queda dessa tradicional loja de departamento, bem como de suas concorrentes Casa Inglesa e Casa Almendra, ambas já inativas há várias décadas.
CASAMENTO E OUTRAS LEMBRANÇAS
Elmar Carvalho
Meses atrás, o advogado da Eletrobrás/Piauí Alfredo da Paz Neto, um amigo de várias décadas, ao telefone, pediu-me para celebrar o casamento de sua filha. Prontifiquei-me a desempenhar esse ofício, que foi realizado neste sábado. Revi alguns amigos, meus e deles. Entre outros, ali estavam o senhor Silvério, sua mulher Maria Dalva e a filha do casal, Rosário. Silvério foi por muitos anos administrador da empresa Marc Jacob em Campo Maior. Conversamos sobre o fastígio e queda dessa tradicional loja de departamento, bem como de suas concorrentes Casa Inglesa e Casa Almendra, ambas já inativas há várias décadas.
Conversei, também, com o Gregório Paranaguá da Paz,
filho do tenente Jaime da Paz, operoso e probo prefeito de Campo
Maior, e de dona Mariema, digna mestra de várias gerações de
campomaiorenses. Gregório é engenheiro e um dos diretores da
Eletrobrás/Piauí. Ainda entretive rápida prática com o Milton
Higino, gerente do BNB em Água Branca, e que presidiu o Comercial
Atlético Clube, que já conquistou o campeonato piauiense, e vem
fazendo uma boa campanha no certame do corrente ano. Gostou da
referência que fiz ao saudoso atacante Edgar Pinto, em minha prédica
casamenteira. Vi também o Diogo da Paz, verdadeiro alquimista ao
improvisar um coquetel, ou ao bolar, por mero esporte, uma iguaria
exótica.
No meu “sermão”, citando Rui Barbosa, que dissera
ser a pátria uma família amplificada, eu disse que a sociedade é
um somatório das famílias, e que, se entendemos que a sociedade não
está bem ou que esteja violenta, também estamos a admitir que a
família não está saudável, vez que aquela é apenas uma
amplificação desta. Portanto, adverti que os pais devem se esforçar
para bem criar os filhos, através do exemplo e da disciplina, para
que eles, desde bem crianças, conheçam os seus limites e as regras
básicas de convivência, para que não venham a se tornar adultos
intolerantes e tendentes a não aceitar os limites da lei, da ética
e das normas sociais para uma boa convivência.
Aduzi que se uma criança é acostumada a ter os seus
caprichos e chiliques satisfeitos, a sair de casa no momento em que
bem entende, a voltar na hora que lhe der na telha, a não cumprir
seus deveres escolares, quando o pai ou a mãe quiser lhes impor
horários e modos de comportamento, por volta dos dez/doze anos,
talvez já seja tarde demais, porquanto esse garoto já está
habituado à plena liberdade e indisciplina. Por conseguinte, esses
controles, disciplina e orientações devem ser ministrados nos
primeiros anos de vida, para que a criança tenha uma noção clara
do que pode ou não pode fazer, e que existe o poder familiar de seu
pai e de sua mãe.
Entre outros lugares comuns, repetidos em esponsais,
adverti os noivos dos desgastes naturais que a convivência muitas
vezes produz. Por isso, lhes disse que deviam exercitar sempre o
perdão e a tolerância, pois todos temos a nossa quota de defeitos.
Enfrentei a perícopa bíblica de que a mulher teria sido extraída
de um osso da costela de Adão, fazendo referência à parte recitada
de uma música antiga de Silvinho, em que é dito que a mulher foi
formada desse osso para que ela não se sentisse superior nem
inferior ao homem; para que fosse efetivamente sua companheira.
Acrescenta os versos que ela foi formada de um local próximo ao
coração do homem, para que este a amasse e a protegesse, o que nos
dias das patrulhas do “politicamente correto” implica em dizer
que a recíproca deve ser verdadeira. E deve mesmo, convenhamos.
Após fazer essas e outras considerações e
advertências, que são de praxe, e que julguei ser meu dever
funcional fazê-las, disse que eles através do amor e da compreensão
venceriam todas essas mazelas e percalços, mesmo porque o noivo,
sendo coerente com o seu nome – Jorge Daniel – seria um santo
guerreiro, o são Jorge, vencedor do temível dragão da Capadócia,
ou o profeta Daniel, destemido pela fé inabalável em Deus, que não
se acovardou quando foi jogado na cova dos leões. Por outro lado,
falei que o nome da noiva – Jamylle – significa beleza plena, e
que ela, tendo beleza plena, certamente teria beleza espiritual, ou
seja, seria uma mulher virtuosa. Por conseguinte, saberão ambos, com
as suas qualidades, superar as vicissitudes que a vida oferece, e que
nos servem de advertência e exemplo, para que nos aperfeiçoemos,
como deve ser o desiderato maior de todos nós.
Ao cabo dessas palavras mais sérias, mais severas,
proclamei que aquele era um momento de alegria, um momento festivo e
de congraçamento dos esposos com seus pais, familiares e amigos,
antes de partirem para a constituição de seu próprio lar.
Lembrei-me de um saudoso amigo, o Balula, recentemente falecido, que
em outras eras, quando nas alegres libações da juventude, gostava
de recitar um poema, em cujo final apoteótico, falava que iria
quebrar a taça da amargura, e literalmente espatifava a mais rica
taça de cristal da casa em que se encontrava, para o mais efusivo
aplauso de seus ouvintes, e para a profunda tristeza da dona do lar,
que ficava com a sua coleção desfalcada.
Asseverei, porém, que ali estávamos para celebrar a
felicidade, tal como nas bodas de Caná, em que o próprio Cristo, a
pedido de sua mãe, operou o seu primeiro milagre, transformando
alquimisticamente água em vinho da melhor qualidade, para que aquela
festa esponsalícia não perdesse o brilho, com a falta dessa
substância do espírito. E pedi que erguêssemos a taça da ventura,
e não a da amargura, como no poema melodramático do repertório do
Balula.
Meu irmão que bela celebração de casamento tu fez... palavras lindas de se ouvir.
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