Carlos Said visto por Gervásio Castro |
Carlos Said visto por Elmar Carvalho |
4 de outubro
CARLOS SAID – ARQUIVO VIVO DO FUTEBOL
Elmar Carvalho
Na semana passada, um pouco antes do início da
audiência, o advogado João Francisco Pinheiro de Carvalho me disse
que naquela noite iria assistir ao jogo do Flamengo, pela televisão,
tendo eu lhe dito que faria o mesmo. Na sequência da prática, ele
me disse que o seu pai, conhecido como Dim, fora atleta do River,
quando o grande Carlos Said fora o seu goleiro.
Acrescentou que o seu avô, de nome Adão Carvalho, hoje
coronel da reserva, fora um dos dirigentes do tricolor piauiense, e
que o seu tio, de alcunha Grilo, também jogara no escrete riverino,
na mesma época. Respondi-lhe que tinha muita amizade e consideração
ao Magro de Aço, e que iria investigar a história dessa dinastia
“pebolística”. Sabendo do interesse do causídico por futebol,
aproveitei para lhe ofertar o meu livro O Pé e a Bola, cujo
prefácio, para gáudio e glória minha, é da lavra de Carlos Said.
No domingo, por telefone, liguei para o meu guru para
assuntos futebolísticos. O nosso magno cronista esportivo, com a sua
memória prodigiosa, diria elefantina, terminou me relatando a
atuação esportiva da família do Dr. João Francisco. Informou que
o patriarca, o coronel Adão Carvalho, fora vice-presidente do River,
salvo engano de minha parte, no início da década de 1950, tendo
nessa condição assumido a presidência do clube em alguns momentos.
Aduziu que nessa época ele tinha a patente de capitão, e servia na
26ª CSM – Circunscrição do Serviço Militar, além de
desempenhar a missão de auxiliar técnico do River Atlético Clube.
Aproveitou a deixa para citar a galeria dos
ex-presidentes, entre os quais declinou os nomes de Afrânio Nunes,
Antilhon Ribeiro Soares, Francílio Almeida e Herculano Moraes. Fiz
questão de lembrar o nome do médico Delson Castelo Branco Rocha.
Pelo que o Carlos Said me disse, o pai do advogado João Francisco
era Dim Vieira de Carvalho, que dos irmãos era o que tinha o corpo
atlético, uma vez que os outros eram franzinos. Ao todo, seriam
quatro ou cinco irmãos que atuavam no esquadrão riverino dessa
época.
O velho mestre, grande goleiro e decano dos jornalistas
piauienses ainda revelou outros detalhes dessa família de atletas do
futebol. Disse que Grilo jogava em várias posições, tanto na
defesa como no ataque, atuando ainda como goleiro. Observei ao amigo
C. Said que esse craque, mais do que um Grilo, era um verdadeiro
Coringa, um faz-tudo de mil e uma utilidades. O Magro de Aço
explicou que a alcunha Grilo não se devia ao porte franzino do
craque, mas ao fato de ele ter os olhos grandes e azuis esverdeados.
Na conversa telefônica, ele declinou a escalação do Ríver no ano
de 1950 e no ano em que foi goleiro, quando atuaram esses quatro ou
cinco irmãos da família Vieira de Carvalho.
Diante de tanta memória, considero Carlos Said o maior
e mais completo arquivo vivo do futebol e do jornalismo piauiense.
Doravante, aplicar-lhe-ei o aposto de “o Memorioso”. Quando lhe
disse que iria transmitir ao Dr. João Francisco Pinheiro de Carvalho
o resultado de minha conversa com ele, pediu-me que lhe informasse a
esse respeito. Certamente, o farei. Sempre colho um pretexto qualquer
para ouvir o mestre. Ao ouvi-lo, sempre saio contente e ilustrado,
considerando-se o que pode uma lata de sardinha recolher de um
Atlântico enciclopédico como Carlos Said.
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