PALESTRA
SOBRE OS 300 ANOS DA IGREJA DE SANTO ANTÔNIO(1712/2012) E FREGUESIA
DE SANTO ANTÔNIO DO SURUBIM (1715/2015)
Celebração
Eucarística: 12.11.2012 – às 19h00
Celebrantes:
Dom Eduardo Zielski – Bispo Diocesano
Autor:
JOÃO ALVES FILHO (Presidente da Academia Campomaiorense de Artes e
Letras - ACALE)
O
primeiro empreendedor do VALE DO RIO LONGÁ, o português BERNARDO DE
CARVALHO E AGUIAR, que adentrando a Província do Piauí, no ano de
1692, atraído por uma região de brejos, largos campos e
carnaubeiras, encantou-se com os recursos naturais e com a beleza do
lugar. Ali, tomou a decisão de fixar o seu primeiro curral, em solo
piauiense. Era a antiga aldeia dos índios Tacarijus, abandonada e
sem qualquer indício de brancos na região, que possam ter por ali
habitado. Ao local deu o nome de “Cabeça do Tapuio”, hoje,
município de São Miguel do Tapuio. Bernardo de Carvalho situou
gados e construiu casas para seus seguidores e “Casas Fortes”,
onde armazenava munições e armas para sua defesa e dos seus
trabalhadores.
Com
o propósito de conquistar novas terras, no ano de 1695, situa na
“Confluência” dos Rios Longá e Surubim, a Fazenda “Bitorocara”,
nome que presta homenagem a uma cidade de Portugal.
Acompanhado
por muitos homens trabalhadores e escravos, e, para os quais, em
torno do curral, construiu casas residenciais e Casa Forte para
depósito de munições, pois, o vale era habitado pelos índios
“alongares”, que imaginava serem de difícil relacionamento com
homens brancos.
Bernardo
de Carvalho e Aguiar, depois de um ano residindo na Fazenda
Bitorocara, recebeu a visita do Padre Miguel de Carvalho, que
instalara a Freguesia da Mocha, hoje, a histórica Oeiras, que veio a
Bitorocara, com o propósito de ampliar suas atividades religiosas.
Bernardo, muito dedicado à Igreja Católica, sentiu-se feliz com a
visita do ilustre sacerdote e de modo especial, por serem
descendentes da mesma família e do mesmo país.
No
ano de 1696, Bernardo convidou os MISSIONÁRIOS DA IBIAPABA, para
promoverem uma obrigação religiosa, na sua fazenda Bitorocara, no
que foi prontamente atendido.
Oriunda
da Vila “Pouca Aguiar”, Portugal, atraída pela liderança de
Bernardo de Carvalho, veio para a Província do Piauí, a família
CARVALHO, detentora de um avantajado poder econômico. Seguiram as
orientações do líder e, em torno da Fazenda Bitorocara, aplicaram
suas economias, em fazendas de gado. Tornaram-se grandes empresários
agropastoris da região com pastagem de boa qualidade e água em
abundância no rio Longá e seus afluentes.
Logo
no início do século XVIII, (ano 1708), os líderes da CASA DA TORRE
(Garcia d´Avila), optaram também por investir na Província do
Piauí e instalaram suas primeiras fazendas na região do Vale do
Longá, tendo como fazenda referência Bitorocara. A Casa da Torre
instalou as fazendas “Abelheiras”, “Foge Homem” e “Marreca”.
Cada fazenda com muito gado e variados outros animais.
Ano
de 1696, designado por Dom Pedro II, chega ao Brasil, o fidalgo Dom
Francisco da Cunha Castelo Branco, com a missão de expulsar
holandeses e franceses das Províncias de Pernambuco e Maranhão. Dom
Francisco, homem de confiança do Rei, além das funções militares
como oficial de primeira linha de “Infantaria” exercera também o
cargo de “tesoureiro real”. Homem íntegro e inteligente gozava
de grande prestígio junto ao Rei de Portugal. Cumpriu com
desempenho sua missão, livrando as duas províncias dos invasores
que desejavam apropriarem-se delas. Não foi feliz na viagem de
Olinda- PE a São Luiz-Ma. O navio em que viajava, ao enfrentar um
forte temporal, com grandes ventanias, foi a pique no litoral. No
naufrágio perdeu a esposa Dona Maria Eugênia de Mesquita e uma das
filhas (Maria) e todos os seus pertences. Conseguiu salvar-se com as
filhas Ana e Clara. Tempos depois contraiu novas núpcias com uma
fina dama da sociedade maranhense, herdeira do clã Monte Serrat, de
cujo consórcio nasceu uma filha de nome Maria do Monte Serrat
Castelo Branco.
Ano
de 1710 – Dom Francisco da Cunha Castelo Branco chega à Província
do Piauí, com boas informações sobre o solo e a pastagem para
criatório de gado. Tornou-se a pedra fundamental da família CASTELO
BRANCO na Província, que veio a se expandir por todo o Brasil.
Dom
Francisco que instalou a Fazenda Boa Esperança, na Freguesia de
Santo Antônio do Surubim, construiu juntamente com seu genro, o
Fidalgo português Manoel Carvalho de Almeida, uma capela sob a
invocação de Nossa Senhora do Livramento e em seu redor formou-se a
futura Vila do Livramento. Mais tarde, os seus descendentes,
desejosos por uma Igreja maior, construíram no ano de 1777, a atual
Igreja Matriz de José de Freitas. Foi o marco oficial para criação
do “Distrito de Paz”. Em 1874 foi criada a Paróquia de Nossa
Senhora do Livramento. Em seguida a Vila do Livramento e a sua
instalação ocorreu no dia 07 de abril de 1878. No dia 07 de julho
de 1924, foi elevada à categoria de cidade, com o seu topônimo
mudado para JOSÉ DE FREITAS, CONFORME Lei n° 1.186.
Bernardo
de Carvalho e Aguiar, no ano de 1710, recebe visita do Padre Tomé de
Carvalho, desejoso de dividir seu rebanho, construindo em Bitorocara
uma Igreja, por se encontrar a região, a 600 quilômetros da Vila da
Mocha. Padre Tomé de Carvalho, depois de suas justificativas e do
espírito de religiosidade, demonstrado ao fazendeiro Bernardo de
Carvalho e Aguiar, deste, encontrou apoio total. Bernardo sempre foi
muito ligado à Igreja Católica, razão que lhe fez ser homenageado
com a honraria “Hábito do Cristo”, na época, a maior comenda da
Igreja Católica.
A
Igreja construída, que por invocação tem o nome do Glorioso Santo
Antônio de Pádua, nosso eterno padroeiro, sugestão de Bernardo de
Carvalho e Aguiar, homenageando o filho de Portugal que na Pia
Batismal recebeu o nome de Fernando de Bulhões.
A
solenidade de inauguração da Igreja, celebração da PRIMEIRA SANTA
MISSA e Instalação da Imagem de Santo Antônio, aconteceu no dia 12
de novembro do ano de 1712. Presentes muitos fazendeiros, vaqueiros,
trabalhadores e escravos que participaram daquele importante ato
solene religioso.
A
Igreja de Santo Antônio tornou-se o centro de formação religiosa
do norte da Província do Piauí; o centro econômico mais
importante, por suas destacadas e bonitas fazendas; Na comunidade
foram construídas as mais bonitas residências em estilo colonial,
que resistem ao tempo, algumas com até 300 anos de construção
ainda bem solidificadas. Em torno da Igreja, estabeleceram-se lojas,
armazéns, farmácias, consultórios médicos e outros serviços
úteis à vida da comunidade. Instalaram-se também os poderes
executivo, judiciário e legislativo, desde os primeiros Intendentes
no tempo do Império, Monarquia e República. Ainda, em torno da
Igreja, os líderes da Batalha do Jenipapo, elaboraram o plano de
defesa patriótica do Brasil, que culminou com o enfrentamento ao
exército de Fidié, naquele 13 de março de 1823, com a Batalha do
Jenipapo
No
templo da Igreja de Santo Antônio, realizou-se o que se pode chamar
a principal decisão política de sustentação deste município,
quando naquele 08 de agosto de 1762, com a presença do Primeiro
Governador da Província do Piauí, João Pereira Caldas, nomeado por
Dom José I, Rei de Portugal, a comunidade foi convocada em
Assembléia Geral, para aclamar a elevação da Freguesia de Santo
Antônio do Surubim, para Vila de Campo Maior. Na mesma solenidade o
Governador João Pereira Caldas, autorizou a construção do
PELOURINHO, para servir aos ilustres fazendeiros brancos, com
punições e castigos aos escravos. Foi um momento marcante e muito
emocionante. Um fato histórico de registro permanente, para os anais
da nossa história.
A
Igreja de Nossa Senhora da Conceição na fazenda Buritizinho,
localizada à margem esquerda do rio Marataoã, que fica no centro de
seis barras de rios e riachos, a saber: rio Marataoã e dos riachos
Ininga, Gentio, Riachão e riacho Santo Antônio.
A
Igreja de Nossa Senhora da Conceição foi construída pelo rico
fazendeiro Coronel Miguel de Carvalho e Aguiar, o principal morador
da fazenda Buritizinho, hoje, importante município e cidade de
Barras do Marataoã, em meados do século XVIII, sob a invocação de
Nossa Senhora da Conceição. A Igreja foi a célula geradora do
povoamento da comunidade, em redor da qual se formaram os primeiros
sítios, currais e fazendas. Coronel Miguel de Carvalho e Aguiar, ao
falecer, foi sepultado no Templo que construiu e dedicou a Nossa
Senhora da Conceição, tão venerada e adorada pelos barrenses.
No
ano de 1839, por motivo do crescimento da comunidade e das fazendas
situadas em torno da Igreja, criou-se a Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição.
No
ano de 1889, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição é elevada a
categoria de cidade, emancipada conforme Decreto n° 1, do dia 28 de
dezembro, assinado pelo primeiro Governador da República no Piauí,
Gregório Taumaturgo de Azevedo, barrense, que no Exército alcançou
a alta patente de General.
Barras
do Marataoã é reconhecida com os títulos de Cidade dos
Governadores, dos generais e dos intelectuais.
Para
completar o em torno religioso à Igreja de Santo Antônio, foi
construída no ano de 1740, pelo fazendeiro Benedito José de Souza
Brito, a Igreja de Nossa Senhora dos Humildes, na Fazenda dos
Humildes, a dez quilômetros de onde nasce o histórico rio Longá,
que tem sua nascente na “Lagoa dos Matos.” Em torno da Capela e
por fé a Nossa Senhora dos Humildes, uma comunidade progressista foi
se formando, com raízes familiares que resistem até os dias atuais.
Foi elevada à categoria de Paróquia no ano de 1870, com a
denominação “Curato dos Humildes” e “Povoado dos Humildes”
em 31 de dezembro de 1870. “Vila dos Humildes” em 04 de abril de
1877. A Vila dos Humildes foi emancipada politicamente no ano de
1931. No ano seguinte, por motivos políticos volta à condição de
Vila. Outra forte decisão fez voltar à condição de município no
ano de 1936, em caráter definitivo, vindo a se tornar uma bela e
histórica cidade, onde reina a fé e a harmonia, denominada de Alto
Longá .
Outros
fatos marcantes ocorreram em torno da Igreja de Santo Antônio:
*Com
o Brasil Independente, no dia 25 de novembro de 1822, João José da
Cunha Fidié, no Largo da Igreja, chamou os seus soldados à ORDEM.
Eram aproximadamente 900 homens e, coagindo as autoridades e a
comunidade, obrigou que todos jurassem fidelidade à Constituição
Portuguesa;
*No
dia 05 de fevereiro de 1823, no patamar da Igreja, o líder Leonardo
de Carvalho Castelo Branco, reconhece a Independência do Brasil e
proclama Dom Pedro Imperador. Prendeu naquela oportunidade o Padre
João Manuel de Almendra, que bradava contra os anúncios de
Leonardo, não concordando com aquela decisão histórica.
*Na
noite do dia 12 para 13 de março de 1823, a Igreja permaneceu em
“Vigília” e pela madrugada foram celebradas orações e
encomendações aos mais de dois mil homens, decididos ao confronto
com o exército bélico de Fidié. Eram os nacionalistas, vaqueiros,
operários, escravos, trabalhadores rurais e o proletariado como um
todo, dispostos a derramarem os seus sangues, morrerem ou matarem,
pela manutenção da Independência do Brasil. A Batalha do Jenipapo,
ocorrida aqui nesta “Terra de Santo Antônio”, é a identificação
de amor e o que tem de mais patriótico pelo Brasil.
*No
dia 28 de dezembro de 1889, a comunidade foi convocada e na Igreja
foi lido o Decreto n°1, assinado pelo PRIMEIRO GOVERNADOR
REPUBLICANO, General Gregório Taumaturgo de Azevedo, elevando a Vila
de Campo Maior, à tão honrada e merecedora condição de
município. A comunidade nas mais destacadas residências e fazendas
mobilizaram-se com festas e fartos banquetes. Oficializava-se o nome
Campo Maior, homenageando a outra Campo Maior em Portugal.
*Em
05 de julho de 1944, Padre Mateus Cortez Rufino, mandou demolir a
Igreja. Momento emocionante, com lágrimas e esperança naquela
histórica decisão. Justificou o Padre, que a comunidade necessitava
de um Templo maior. Padre Mateus, líder incontestável, envolveu
todo o povo. Ninguém se negava aos apelos do padre. O resultado,
este belíssimo Templo Sagrado, que no dia 15 de agosto do ano de
1962, nas comemorações do bi-centenário de Campo Maior, foi
abençoado por Dom Avelar Brandão Vilela. O exemplo da demolição,
com a comunidade triste e saudosa, na inauguração, transformada
com emoções e lágrimas, com os discursos empolgantes no
envolvimento da fé, pronunciados por nosso vigário Mateus e de Dom
Avelar Brandão Vilela, o pregador de “ORAÇÃO POR UM DIA FELIZ”.
*A
Igreja de Santo Antônio que fez Campo Maior e os municípios da
microrregião crescerem juntos na fé e no desenvolvimento econômico
social, no dia 12 de junho de 1976, foi elevada à Catedral, com a
constituição jurídica da Diocese de Campo Maior, conforme “BULA”
assinada pelo Papa Paulo VI. O mesmo Santo Papa nomeou como primeiro
bispo Dom Abel Alonso Nunes. Aposentado Dom Abel, o Papa João Paulo
II nomeou para Diocese de Campo Maior, o nosso bispo Dom Eduardo
Zielski, que tem conduzido sua administração, com competência,
compreensão, sabedoria e humildade.
A
exemplo de 300anos passados, a comunidade reúne-se nesta celebração
EUCARÍSTICA. Naquele Templo – capela. Agora, imponente CATEDRAL.
Na inauguração o celebrante Padre Tomé de Carvalho, neste
aniversário de três séculos, o bispo Dom Eduardo Zielski e Mons
Paulo Mateus.
Caríssima
Igreja,
É
a Campo Maior do passado, com seus registros históricos, promovendo
esta noite encantadora.
O
NOSSO MUNICÍPIO ESTÁ DIRETAMENTE LIGADO A PORTUGAL, PELOS LAÇOS
QUE FORMAM AS NOSSAS ORIGENS. PORÉM, SOMOS DIFERENTES, PORQUE:
OS
CAMPOS DAQUI SÃO MAIS BONITOS
E
AS SUAS PALMEIRAS RESISTEM AS INTEMPÉRIES DO TEMPO,
SEM
SEMELHANÇA, PERMANECENDO SEMPRE VERDES E ALEGRES.
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