José
Maria Vasconcelos
josemaria001@hotmail.com
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ACORDO
ORTOGRÁFICO ADIADO
O
Governo adia novo ortográfico para 2016. Divulgado no jornal Folha
de S. Paulo o adiamento do uso obrigatório das novas regras
ortográficas da língua portuguesa, que reacendeu o debate sobre a
reformulação de normas previstas no documento que ainda é alvo de
controvérsia entre especialistas.
O
professor de língua portuguesa Ernani Pimentel argumenta que o
acordo, elaborado na década de 90, é fruto de uma educação
baseada essencialmente na "decoreba" e, assim, não segue
uma lógica clara.
"Como
é que você vai ensinar que 'mandachuva' se escreve sem hífen e que
'guarda-chuva' se escreve com hífen, se os dois são formados de
verbo e substantivo?", questiona Pimentel.
Para
o professor, os brasileiros ainda não sabem efetivamente como usar
as novas regras. "As pessoas se acomodaram", afirma.
ADAPTAÇÃO
Para
o gramático Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de
Letras, ainda é muito cedo para fazer questionamentos:"É
preciso que essas normas entrem em vigor para que os problemas sejam
aflorados e resolvidos."
Na
visão do especialista, a sociedade brasileira já se adaptou às
novas regras, e o país está preparado para adotar a obrigatoriedade
do novo acordo ortográfico: "Para o grande público, a
implantação de um acordo depende da memória visual, de como as
pessoas veem as palavras escritas", afirma o gramático, citando
o papel da imprensa nessa função.
Bechara
lembra ainda que o acordo é resultado do trabalho de especialistas
brasileiros e portugueses muito qualificados para a função. No
Brasil, fizeram parte da elaboração do acordo nomes como Antônio
Houaiss e Nélida Piñon.
Representante
brasileiro na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o
embaixador Pedro Motta faz a ressalva que, no fundo, são poucas as
mudanças introduzidas pelo novo acordo ortográfico: "Houve
algumas pequenas mudanças na acentuação de palavras, eliminação
de trema, mudanças na utilização do hífen", enumera Motta.
HISTÓRIA
DOS ACORDOS
Portugal
existe, como nação, desde 1143. Somente em 1911 foi aprovada a
primeira organização ortográfica que, entre outras normas,
eliminava o uso de PH (pharmácia), RH (rhodia), TH (Theresina) e
Y (Piauy). O Acordo não encontrou apoio de muitos intelectuais.
Em
1931, novo Acordo, ratificando o de 1911. Porém, em 1934, Getúlio
Vargas tentou implantar a ortografia de 1891. E tome confusão dos
adversários linguistas.
Em
1945, Brasil e Portugal fecharam novo Acordo. Mais outra polêmica,
agora sobre a retirada, pelo Brasil, das consoantes mudas C(acção)
e P(0ppróbio). O Brasil defendia a tese de aproximar a
escrita(grafema) da sonoridade(fonema) das palavras. Portugal, ao
contrário, adotou as consoantes não articuladas, como ACÇÃO,
ACTIVO, FACTOR, ÓPTIMO e a etimologia ou palavras que, por lá, se
pronunciam com som aberto, acentuadas(ANTÓNIO), diferentemente do
Brasil.
Em
1990, novo Acordo, previsto para ser colocado em prática em 1994,
arrastou-se para 2007, enfim 2009, agora puxado para 2016. O problema
não é a língua. São os interesses, inclusive comerciais, que
estão em jogo. A edição de livros, por exemplo, em português
único, para ser vendido nos países de origem lusitana, sairia mais
cômoda e rentável. Portanto impossível uniformidade, porque cada
nação puxa para sua própria soberania linguística. E com razão.
Só o Brasil, o mais interessado, insiste nessa agressão cultural.
PORTUGUÊS
DO BRASIL
O
país precisa, mesmo, é de uma reforma não só ortográfica mas
gramatical. Uma gramática com a cara de nosso português tupiniquim,
defendida por românticos, como José de Alencar, e pela geração
modernista, especialmente a da Semana de Arte Moderna. Mário de
Andrade, grande entusiasta.
Como
professor de português e colunista, morro de vergonha ter de engolir
e ensinar certas regras de cunho tipicamente de Lisboa. Lá, a
mesóclise é habitual, enquanto no Brasil é afrescalhada: "Querida,
levar-te-ei, hoje, ao cinema". Ou o uso do SE apassivador:
"Vende-se casas"(errado). Abominável iniciar a frase com
pronome oblíquo: "Te contei". Ou trocar o verbo TER em vez
de HAVER, este tão surrado em Portugal("Hoje, haverá aula"),
e intolerável no Brasil("Hoje, tem aula"). Tem que ter é
vergonha na cara a nossa soberania.
A
língua culta deve continuar, todavia com rebolado brasileiro.
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