Estou
mais pobre. Estou mais triste. Estou mais solitário. Estou
incompleto, perdi uma parte de mim. Neste 29\01, faleceu a minha irmã
Regina Celi (a Rainha do Céu). Ontem não vi o dia passar e o
relógio não me parecia lento e nem apressado e eu nem sei se havia
o tempo. Em um salão de uma funerária eu olhava minha irmã que
parecia dormir numa tranquilidade que lhe era habitual. Ela, às
vezes, roncava quando dormia, mas geralmente o seu sono era de
criança. Eu respeitava sempre o seu sono e, ao acordar cedo, andava
lentamente para não acordá-la. E tinha o prazer de lhe preparar o
primeiro café. E ontem, 29\01, eu desejava que ela roncasse em seu
sono, e ela não emitia nem um som, nem um suspiro. E, eu ali,
esperando um milagre de Lázaro, e não dormi à noite esperando esse
milagre. Vi que não se tratava de um pesadelo e tudo era real. Eu
estava ali, com ela, na nossa última noite. O dia nascendo, barulho
de carros, pessoas chegando. Abraços, lágrimas, palavras inúteis...
e a minha irmã dormindo no seu sono de anjo. Nunca ela recebeu
tantas visitas, em nenhum momento de nossa vida fomos tão violados
em nossa solidão. Nem mesmo no seu aniversário que foi organizado
pela nossa amiga Patrícia, apareceu tanta gente. Consolação, minha
sobrinha, disse: “tio a morte também tem uma serventia: no velório
a gente se encontra, conversa e contamos os vivos. É nesse momento
que sabemos dos parentes que estão tão distantes que nem mais
sabemos que são parentes e nem amigos”. Sábias palavras de quem
que, por algum tempo, viveu diretamente comigo (e me faz falta). Não
aconteceu o milagre de Lázaro, mas aconteceu o milagre da
multiplicação dos amigos. Um consolo: hoje eu posso morrer mais
tranquilo, pois eu não desejava que minha irmã ficasse sem mim. E
ela ficou tão perto do meu egoísmo que, em uma caminhada, posso
visitá-la e contar todas as novidades de minha vida. Um beijo,
Rainha do Céu!
Agradeço, mais uma vez, a gentileza do grande poeta, ELMAR CARVALHO,pela publicação do meu artigo. Um abraço do irmão; VIRGÍLIO QUEIROZ.
ResponderExcluirNão há de que, caro Virgílio.
ResponderExcluirSeu texto, além de ser uma sentida lamentação pela morte de uma pessoa querida, tem inegáveis méritos literários.
Um forte abraço.
Prezado conterrâneo Virgilio Queiroz:
ResponderExcluirLi sua crônica-desabafo. Nela só o coração, a lembrança e a dor têm lugar. Não há como reprimir o que nos va na alma quando perdemos um ente querido, uma irmã querida, como deve ter sido a sua.
Ouvi de uma senhora espírita que nós não perdemos nossos entes queridos. Segundo ela, uma especialista desse campo de estudos, os entes queridos estão vivos em outro plano, porém não se findaram aqui no mundo da matéria. Estão vivos, por exemplo, na nossa memória, na experiência dadivosa que tiveram conosco. Ainda segundo a estudiosa, um dia todos nos veremos em outra dimensão, esta, sim, eterna.
Sei que para você, que escreve e é homem de letras, só o fato de escrever com ternura sobre a sua irmã querida lhe propicia algum consolo, o qual, com o tempo, se tornará mais suave, mais suportável.
O mais importante em tudo isso é que sua irmã Regina Celi não se apagará do mais profundo do seu interior, que é o coração e o sentimento da verdade do seu amor e amizade de irmão que a amava e continuará a amá-la.
Um grande abraço do
Cunha e Silva Filho
Virgilio,
ResponderExcluirDeus haverá de dar o conforto necessário neste momento de perda e dor de seu ente tão querido, são votos pesarosos do Itamar eEdilane.