José Maria
Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Deus não se
discute. Experimenta-se. Buscar a presença do espírito divino,
diariamente, fecha-se uma aliança, um pacto. Não há tesouro mais
valioso. Com o tempo, abrem-se as cortinas do mistério. Deus revela
sinais de sua presença, através de dons gratuitos a serviço do
próximo. Muita gente busca experiência com Deus só para pedir bens
materiais, e o Mestre adverte: "Buscai, acima de tudo, o reino
de Deus e sua justiça. O resto se acrescenta."
Curar é um dom
gratuito de Deus, e não se vende. Profetizar é um dom gratuito de
Deus, também não se vende. O exercício da generosidade, do
desapego ao material e da conduta ética atrai o espírito santo de
Deus, independente de religião.
Profecia não é
adivinhação, mas interpretação da linguagem e vontade divinas.
Profeta veste batina, farda, jaleco, exerce qualquer atividade do
bem. O pecado bloqueia a presença de Deus e sua manifestação.
Corruptos e metidos a sabichões não conseguem decifrar os mistérios
divinos, e pagam com a prática do mal.
Profetas da Bíblia
e da História sempre me despertaram curiosidade, desde a
adolescência. Um dos quais, Malaquias, monge irlandês, nascido em
1094, canonizado santo pelo Papa Inocêncio III. Não o confundir com
o profeta Malaquias da Bíblia.
O monge Malaquias
pertencia à Ordem dos Templários, uma organização cristã de
caráter militar em defesa da Igreja, depois perseguida, por defender
o gnosticismo. Para não ser perseguido e morto, viveu discretamente
entre monges católicos, depois consagrado bispo, admirado pela
santidade e dons proféticos. Morreu em 1148, a caminho da França.
Malaquias
celebrizou-se pela famosa Profecia dos Papas, escrita em 1139, numa
estada em Roma. Trata-se de uma lista com 111, outros dizem 113,
nomes de papas, identificados não pelo nome, mas por um dístico
latino. Sobre o Papa João XXIII, escreveu: "Pastor et Nauta"(
pastor e navegador). João XXIII fora cardeal de Veneza, cidade de
ruas inundadas). Sobre o Papa Pio IX, o dístico dizia: "Crux de
Cruce"(cruz originada da cruz). Pio IX sofreu, século 19, dura
perseguição da Casa de Savoia, em cuja bandeira figurava a cruz.
Sobre o Papa João Paulo II: "De labore sole"(do sofrimento
do sol). Atribui-se à sua atividade em favor do povo oprimido pelo
regime comunista de seu país e demais vizinhos. Ou do atentado
sofrido em plena praça. Sobre Bento XVI, número 111 da lista:
"Gloria oliviae"(glória da oliveira). Talvez, referência
ao ramo de oliveira levada pelo pombo à arca de Noé, anunciando
esperança e fim do dilúvio. A lista acaba em 113, que trata de
"Petrus Romanus, qui pascet oves in multis
tribulationibus...finis"(Pedro Romano, que apascentará as
ovelhas com muitas tribulações... será o fim). Improvável a
referência ao Papa Francisco. A profecia não afirma que haverá
papa com nome de Pedro II, pois em nenhum dístico aparece o nome de
pontífice.
A Profecia dos
Papas obteve sucesso só depois de publicada, em 1595, pelo
historiador beneditino Arnold Wyon. Naquele ano, forjaram a lista,
acrescentando um dístico para beneficiar a coroação de um cardeal
a Papa. O infeliz sobrou. Venceu outro.
Críticos se
dividem sobre a autenticidade e interpretação dos dísticos da
Profecia. Verdade ou não, observando -se cada dístico e
associando-o a cada papa, chega-se a quase perfeição. O mesmo
ocorre com as profecias bíblicas, como a do final dos tempos:
tenta-se suavizar os últimos dias de sofrimento planetário com
falsas e suaves interpretações. Só os que experimentam a aliança
com Deus conseguem sabedoria para entender os avisos do céu.
Sabedoria é mais um dom gratuito de Deus aos seus amados. Cuidado,
porém, com os falsos profetas do papel moeda da fé.
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