Brasil
desce a ladeira sambando
José
Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
O
cenário nacional anda bambo de notícias negativas. Todavia parece
que sonhamos brincando carnaval baiano, sem dia para acabar, sem
penitência na quarta-feira de cinzas. Festas ano inteiro, frenesi de
ritmos e rebolados, mistura de profano e sagrado. Entorpecida, a
população, que não lê nem acompanha o noticiário, parece não se
dar conta das dores de parto da nação: índices
alarmantes de criminalidade, a Saúde agonizando nos
corredores dos hospitais, a Educação pedindo socorro para não
desabar a escola, ambas na última escala dos países atrasados.
Galopantes desvios de verbas públicas das obras inacabadas ou para
ajuda a ditaduras sanguinárias, mundo afora. A gigante Petrobrás,
antes, nos píncaros das 12 melhores posições no mundo, descendo a
ladeira para mais da centésima posição. E vai faltar gás à
população se o Brasil perder a Copa.
A
população, inebriada do crédito fácil e da fartura de bolsas
sociais, não percebe o bafômetro sinalizando pesadelos da ressaca
que se aproxima. O Brasil oficial, logo mais, depois das eleições,
expedirá a conta com os tormentos para conter o esvaziamento
monetário. Instituições internacionais já acendem luz vermelha
para investidores internacionais.
Uma
banda do Brasil delira, dança rebolecho e lepo-lepo. Pouco se lhe
importa deputado denunciado, preso ou cassado por corrupção ou
quebradeira na Petrobrás, se aqui dentro se incendeiam ônibus, se
caminhão derruba passarela de pedestre.
O
Brasil oficial continua a dar shows de embasbacar gringos ou de
entorpecer a classe proletária e inculta. Se ao menos as autoridades
se tocassem de vergonha, mas não se tocam. Continuam engatinhando na
falta de vergonha, embromando a opinião pública.
Por
míseros doze mil dólares, surrupiados das contas públicas,
ministra inglesa confessou a culpa, ainda foi defenestrada. Aqui, um
bilhão de reais é doce de mil recursos na Justiça.
Minha
diarista só executa serviços da casa, grudada ao radinho de pilha,
ouvindo as imorais gaiatices e irreverências de popular radialista e
sua trilha musical de suprassumo mau gosto. Tento dissuadi-la a
escolher programas mais apurados e acompanhar o noticiário. Em vão:
“Seu Zé, de que adianta ficar sabendo das ladroagens dos
políticos, se eles não mudam e se meu dinheiro dá pra ir me
rebolando...?”
E
saber que esse dinheirinho de boa noite, cinderela, mesclado a bolsa
família, bolsa presidiário, bolsa bucho, deixa lelé a consciência
crítica do eleitor! Minha diarista retrata não só o estado
alienado de boa parte do eleitorado, como o descompromisso social de
muitos estudantes grudados em devaneios de redes sociais.
O
cenário nacional exige árdua convocação da torcida brasileira
pela nossa seleção na Copa, mas com olhos vigilantes nos candidatos
às próximas eleições. Em ambos os casos, não se deve profanar a
festa cívica do voto, nem esquecer a sagrada mensagem do Hino
Nacional. Aí, sim, o Brasil tem jeito.
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