MIMBÓ, comunidade de Amarante, descendente de escravos negros
Luís Alberto Soares (Bebeto)
A comunidade Mimbó, município de
Amarante-PI, realiza em 15 de agosto, o último dia do festejo de Nossa Senhora
da Saúde, tradição centenária do povoado.
Mimbó, trata-se do nome de uma antiga
comunidade da Zona Rural de Amarante, a 20 km do centro da cidade.
Pesquisadores, historiadores e imprensa de várias partes do Brasil, sempre
visitam o povoado para colherem junto aos mais velhos “mimboenses”, a origem e
cultura daquele povo simples e acolhedor.
O professor e jornalista amarantino,
Virgílio Queiroz, foi um dos pioneiros a levar o nome “Mimbó” para o mundo,
através de seus valiosos escritos, expressivas palestras e entrevista aos
grandes comunicadores do país. A Cidadã amarantina, historiadora, poeta e
escritora Emília da Paixão Costa (Bizinha), membro forte de nossa cultura,
também há longos anos, fornece dados preciosos sobre aquela comunidade para
várias pessoas, a exemplo da saudosa historiadora amarantina Nasi Castro.
Nestes últimos anos, o povoado é
tratado também como Quilombo Mimbó devido o seu povo ser de origem africana.
Idosos da comunidade contam que tudo começou há mais de cento e cinquenta anos
atrás, quando três negros escravos, os irmãos: Francisco, Laurentino e Pedro e
as irmãs: Antonia, Benedita e Rita, fugiram de uma fazenda da região de Oeiras,
na época, Capital do Piauí, para a Zona Rural de Amarante.
Os escravos, temerosos de capturas e
grandes castigos de seus donos, se esconderam num lugar de difícil acesso
repleto de grutas e penhascos nas imediações do riacho Mimbó e rio Canindé. Lá
encontraram Antonia, Benedita e Rita, pertencentes a um grupo de negros que já
residiam na localidade, e constituíram matrimônio.
Contam ainda que a família Rabelo da
Paixão, considerada descendente dos escravos fugitivos é precursora do
crescimento populacional e desenvolvimento social da comunidade Mimbó. Muitos
anos depois, as famílias “mimboenses” instalaram residência numa área plana,
próxima da inicial moradia dos escravos fugitivos, onde vivem até hoje.
Para os mimboenses subirem para a
parte plana, abandonando as antigas moradas, foi necessário o convencimento dos
professores Cineas Santos e Virgílio Queiroz que justificaram a mudança como
algo benéfico para os habitantes, pois a parte alta fica perto da BR,
facilitando assim o intercâmbio do Mimbó com Amarante e outras cidades.
Além disso, havia o problema de
doentes que precisavam de tratamentos médicos e a subida até a parte alta era
muito difícil. O primeiro a subir foi um dos troncos da comunidade, Pedro
Rabelo da Paixão. Nestes últimos anos, formou-se o assentamento habitacional
Mimbó com a maioria de descendentes de escravos, próximo à antiga moradia e à
BR 343.
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