Ideologia servil e consciência crítica saudável
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Ando desencantado com a cultura atual de se engolir sem
mastigar. Destaco, especialmente, ideologias que escravizam paixões sem freios
da consciência crítica. Explico.
Ideologia, conjunto de ideias, doutrinas e visões de um
indivíduo ou grupo para ações, principalmente políticas. Ideologia para
convencer e impor uma doutrina, geralmente de discurso populista, demagógico,
cuja retórica pode resvalar na força física e convulsão social. A ideologia
exige lideres falantes, às vezes medíocres, donos de bordões e frases de
efeito.
O mundo vive
uma babel de ideologias e paradigmas políticos, religiosos, filosóficos,
fascistas, comunistas, capitalistas, anarquistas, nacionalistas, conservadores
e modernistas. O filósofo alemão Karl Mark construiu sua ideologia baseada na
aversão à classe burguesa (empresários, clero, governantes), dominadora e
controladora da sociedade, no período da Revolução Industrial, que gerou mais
lucros com as máquinas e segregou a classe proletária. Daí, meio passe para o
comunismo (sistema de igualdade social), na Rússia e outros países. Depois, o
fascismo alemão, entre outros países. A ideologia capitalista, surgida em
países ricos, como Inglaterra e Estados Unidos, que visava à defesa dos lucros
e riqueza. A ideologia democrática, defendida na Grécia antiga, ressurgiu nos
iluministas da Revolução Francesa.
Jean-Paul Sartre, filósofo francês, marxista, encantava-me no
tempo de estudante. Jovens dos anos 60-70 inspiravam-se no anarquismo e náusea
à sociedade de consumo de Sartre. Nascia o movimento hippie, constituído de
jovens burgueses, alienados. Vestiam toscas roupas, calçavam tamancos e
chinelos rústicos, sobreviviam do artesanato primário, nas praças e avenidas,
consumindo maconha, mas pacíficos, adeptos da contracultura e do Paz e Amor.
Sartre recusou o prêmio Nobel de Literatura e distinções oficiais, arredio à
furupa burguesa. Ainda me recordo de um de seus princípios: O homem está
condenado à liberdade. Ouro de Tolo, canção do rebelde Raul Seixas, traduz
bem o espírito hippie.
Grupos que defendem uma ideologia, frequentemente, tentam
convencer outras pessoas a seguirem a mesma ideologia, provocando confrontos,
conflitos de rua e de governos. Exige-se, portanto, prudência e sensatez na
formação da consciência crítica: acompanhar fontes diversas da informação sobre
ideologias que se pregam a toda hora, especialmente no meio político e na
mídia. Analisar e filtrar o discurso e testemunhos de vida. Imprensa livre não
vive arribada pelo governo. Partidários das ideologias doentias não toleram a
imprensa livre, sempre alcunhada de venal, golpista, fascista e burguesa,
bordões surrados da falange esquerdista. Elegem culpados para suas mazelas e
interesses. O populista Hitler atribuiu aos prósperos judeus a mísera situação
da Alemanha. As esquerdas, aos americanos. O petismo ao Fernando Henrique e Cardoso.
Em momento de convulsão ideológica, devemos exercitar a
consciência crítica, baseada no patrimônio de saberes que herdamos das gerações
anteriores e que partilhamos com a comunidade de virtudes cristãs a que
pertencemos.
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