VESPERAL
Jonas Fontenele da Silva (1880 - 1947)
Erma tarde litúrgica em declínio...
Há no espaço uma estranha barcarola
E o cadáver do Sol em nuvens rola,
0 apunhalado príncipe sanguineo.
Que na terra haja o luto, haja o assassínio!
Mas ao crente amedronta e desconsola
O crime junto aos céus, junto a corola
Das estrelas — as rosas de alumínio.
Logo depois que os mármores vetustos
Desças, ó Noite, do pesar, dos sustos,
Depois que as asas de albatroz envergues,
Há de a Lua surgir pálida e etérea,
A Lua, a triste lâmpada sidérea,
O sorriso do azul para os albergues.
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