Caetano José Teixeira
Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras
Um dos maiores negociantes do
Maranhão na passagem do século XVIII ao XIX foi o português Caetano José
Teixeira, dono de empresas que negociavam por todo o império colonial
português, sobretudo nas praças de São Luís, Belém, Lisboa, Porto e em Guiné,
assim como nos outros domínios da África(AHU–CU–009, Cx. 75, D. 6495).
Nasceu cerca de 1760, na velha
cidade do Porto, em Portugal, filho de Francisco José Teixeira e de sua mulher
Francisca Gonçalves Teixeira, comerciantes de grosso trato, naturais e
residentes na mesma cidade do Porto.
Embora mantivesse empresas na
cidade do Porto, cedo veio para o Maranhão, estabelecendo-se em Alcântara, onde
casou-seem 1790, com dona Rosa Maria Serra(n. 1770), filha de Bertolo de Deus
Dourado, e fundou filiais de suas casas comerciais. Com o tempo amealhou grande
fortuna, tornando-se “um dos principais comerciantes de escravos, importante
credor do erário e representante do Banco do Brasil no Maranhão”(GALVES,
Marcelo Cheche. Política em tempos de Revolução do Porto: constitucionalismo e
dissenso no Maranhão. Passagens – Revista Internacional de História Política e
Cultura Jurídica. Rio de Janeiro. Vol. 4. N.º 1. Jan-abril 2012. P. 4-38).
De sua vida localizamos algumas
passagens na documentação histórica do período colonial. Em 23 de fevereiro de
1788, recebeu sesmaria de uma légua de comprido e três de fundo, no rio Mearim,
a fim de estabelecer lavouras. Parece que acabara de chegar à colônia porque
disse em seu requerimento que ainda não possuía terras(AHU–CU–009, Cx. 81, D.
6882).
Em 19 de outubro de 1799, obteve
licença real e remeteu para estudar em Lisboa, seu filho Honório José Teixeira,
de nove anos de idade, seguindo na galera Ninfa do Mar, do capitão Joaquim
Adrião Rosendo.
Encontramos referências às
apreensões dos grandes comerciantes com relação à remessa de mercadorias para
Lisboa em 1807, diante do ultimato francês para que Portugal fechasse seus
portos aos navios ingleses. Então, é intensa a correspondência do comendador
Caetano José Teixeira com seus sócios de Lisboa e do Porto, buscando
inteirar-se dos fatos; e daquele com o sócio Francisco Pedro Ardasse, de Belém
do Pará, para quem repassava as informações privilegiadas que recebia do reino,
orientando que continuasse a negociar, porém evitando a remessa imediata para o
velho continente(LOPES, Siméia de Nazaré. As relações comerciais do Pará no
início do século XIX. IV Conferência Internacional de História Econômica &
IV Encontro de Pós-Graduação em História Econômica – USP).
Foi também um filantropo,
concorrendo de boa vontade em 1810, “para as urgências do Estado, com
diferentes donativos e ofertas de valor”, em razão da qual o príncipe regente
D. João concedeu-lhe o hábito de Cristo com 12$000 réis de tença(ANRJ, Cód. 15.
Graças honoríficas, v. 2, fl. 10).
Em 18 de julho de 1815, doou a
importância de quinhentos mil réis, para resgate de cidadãos portugueses que se
encontravam cativos em Argel(Gazeta de Lisboa, n.º 284, de 20.11.1815).
Nesse mesmo ano protocolou
petição cobrando dos herdeiros do governador e capitão general do Maranhão,
Aires Carneiro Homem de Souto Maior, que faleceu com dívidas ao
requerente(PT/TT/JIM-JJU/002/0113/00012).
Era também grande latifundiário,
chegando a fundar no Maranhão, 36 feitorias, onde trabalhavam dois mil
escravos. Quem assim informa é o deputado maranhense Francisco Gonçalves
Martins, em discurso na Assembleia Geral do Império, em julho de 1826, a título
exemplificativo, na defesa de um ponto de vista:
“Ainda há poucos anos faleceu um
grande proprietário da província do Maranhão, que deixou um casal de mais de 4
milhões de cruzados; e tendo este homem feito um grande estabelecimento de
lavoura, apenas conseguiu cultivar 36 feitorias e nisso empregou 2.000
escravos; e de certo que semelhantes estabelecimentos lhe absorveram mais de
seiscentos contos de réis, e talvez oitocentos contos; eispois um exemplo
prático, e de um proprietário bem estabelecido na província, qual foi Caetano
José Teixeira” (Diário da Câmara dos Deputados a Assembleia Geral Legislativa
do Império do Brasil. Rio de Janeiro: Typographia do Império, 1826 – 1829. P.
901).
De sua atividade comercial são
vários os registros, a exemplo do “Bergatim S. Ana, que saiu do Porto para o
Maranhão com carga da praça a Caetano José Teixeira”(Jornal do comércio, vol.
4).
Faleceu esse rico negociante em
1818, na cidade de Alcântara, no Maranhão, onde residia. Deixou descendência,
entre os quais: comendador e coronel de milícias Honório José Teixeira(1790 –
28.9.1849), um dos baluartes da Independência no Maranhão, estudou em Lisboa e
Londres; e, Maria Teresa Teixeira Vieira Belfort, que foi casada com o
coronel José Joaquim Vieira Belfort (4.3.1770 – 28.9.1838), pais de Antônio
Raimundo Teixeira Vieira Belfort (Barão de Gurupi).
Com essas notas resgatamos
algumas informações sobre esse importante líder do comércio no império colonial
português e iniciante de ilustrada família no Maranhão.
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