Brochar ou
broxar?
Antônio Gallas
Professor,
jornalista e cronista
Não importa a
grafia, mas esta pequenina e dissilábica palavra quando pronunciada apavora
qualquer homem, até mesmo um jovem em
pleno vigor de sua virilidade.
Falar em broxar é como se o demo
saísse das profundezas dos infernos pra espetar a bunda dos homens com aquele seu ferrão quente.
Os machões, os garanhões, nunca
narram as broxadas que deram. Contam apenas vantagens, mesmo que não sejam
verdadeiras. "Fulano disse que deu
três ontem a noite". Mas três o que?
Muitos são os motivos que podem
levar o homem a fracassar na hora H e passar um vexame, uma vergonha diante de
sua parceira. O cansaço, o stress, a preocupação, o nervosismo podem estar
relacionados ao nosso desempenho sexual, entretanto, na minha opinião, a principal causa é a ansiedade. Às vezes
ficamos tão preocupados com nossa performance sexual que no momento exato somos levados ao fracasso, o que é constrangedor,
vergonhoso e deprimente para o homem. Aí vem a famigerada desculpa : isso nunca aconteceu antes!...
Ao ler o terceiro capítulo do
romance Histórias de Évora de autoria do poeta e escritor Elmar Carvalho,
quando Marcos, um dos personagens do
romance teria sua iniciação sexual com uma profissional do sexo da chamada ZBM
(Zona do Baixo Meretrício) da cidade de Évora lembrei-me do meu sobrinho
Prodamor quando broxou pela primeira vez.
Nas décadas de 60 e 70 meu sobrinho
Prodamor morava em Teresina. Na Rua da Estrela, hoje Rua Desembargador Freitas.
Esquina da Rua Area Leão, no centro da capital piauiense. Nessa época menores
de idade não tinham acesso aos cabarés ou boates da famosa rua Paissandu e
imediações devido rigorosa vigilância das Polícias Militar, Civil e ainda tinha
a Policia Estudantil comandada pelo Centro Estudantal Piauiense entidade que
representava a classe estudantil à época.
Se algum menor fosse encontrado
na ZBM era preso, comunicado aos pais, e o resultado pode-se imaginar... A sova que levariam dos
pais. Sim, naquela época os pais podiam punir seus filhos. Não era
constrangimento. Era educação!
Pra não ficar só na bronha, a negradinha (como diz o professor Alprim
Amorim) procurava soluções alternativas,
ou seja aqueles lugares e horários em
que a polícia não fazia ronda.
Existiam em Teresina, nas
proximidades da estação ferroviária e arredores do 25 BC, algumas profissionais
do sexo e que recebiam menores em troca de um sabonete Gessy, um tubo de pasta Kolynos, qualquer besteira ou até mesmo
dinheiro, cédulas de pouco valor como a de dois cruzeiros, uma amarelinha.
Adentrando-se à área da estação
ia-se até o "moi-de-vara" por
trás dos muros do BEC. Era nesse cenário que meu sobrinho Prodamor procurava as
mulheres para se satisfazer sexualmente.
Lembro-me bem das irmãs paraibanas que tinham o apelido de "as
preciosas" e de dona Raimunda conhecida como pernambucana. Existiam outras mas não recordo os nomes.
Nessa época poder-se-ia andar em
Teresina a qualquer hora do dia ou da noite sem receios de sermos assaltados.
A pernambucana era a preferida
do meu sobrinho Prodamor. Numa bela tarde de domingo, após retornar da sessão
das 3 do Cine Rex, pegou sua bicicleta Caloi e foi fazer uma visita a dona Raimunda ( a pernambucana) de quem já
era um freguês bastante conhecido. Quando já estava nos preparativos iniciais,
no momento da penetração alguém bate à ´porta e com voz alta e estridente
bradou:
- Dona Raimunda, a senhora já foi
advertida. Continua recebendo "de menor"! Vai preso a senhora e o menor. Dona Raimunda disse ao
Prodamor: - Aguarda aí menino. Eu sei o que ele quer. Em seguida voltou para
continuar o serviço. Mas já era tarde e a Inês estava morta, ou seja o pintinho
do meu sobrinho estava de crista baixa e não houve jeito de levantar. A
pernambucana fez de tudo! Alisou, acariciou, fez bolo frito... e nada! Nem
reza, magia ou hindu tocador de flauta
seria capaz de levantar o
pingulin do Prodamor!
Nessa época o sexo oral era uma
coisa nojenta, repugnante. Mas acho que diante do susto e o medo de ser preso
nem isso resolveria. E o meu sobrinho Prodamor broxou mesmo!
Foi a última vez em que visitou
a pernambucana.
Meu caro Prof. Gallas,
ResponderExcluirEspero que essa tenha sido a primeira, a única e a derradeira broxada do seu sobrinho, o bravo Prodamor.
Caríssimo Poeta,
ResponderExcluiro nosso já famoso Marcos Azevedo está provocando uma verdadeira volta ao passado para os seus leitores. A crônica do Prof. Gallas é muito interessante e nos remete a dias que o tempo há muito havia sepultado. Mas o Marcos está ressuscitando essas lembranças perdidas nos desvãos da memória. Pelo menos isso ele tem o condão de levantar. O professor deixou de fazer referência nos Trilhos, famoso trecho ali próximo ao Cemitério São José.Lá havia uma dessas estrelas do sexo: a mulher de um famoso árbitro de futebol da época. Recebia os iniciantes em um bem decorada rede amarela, com o vistoso nome gravado em quase toda a sua extensão: Lembrança do Ceará. Foi professora de boa parte da meninada daquela época.
* aos Trilhos.
ResponderExcluirTenho a impressão de que outras aventuras do Prodamor serão revelados pelo seu tio, que pelo visto é mui amigo, e nada deixa escapar.
ResponderExcluirMeu caro amigo e poeta Elmar,
ResponderExcluiro conterrâneo maranhense José Pedro Araújo (Blog Folhas Avulsas) tem razão. De fato foram alguns desses locais deixaram de ser citados como por exemplo o Morro do Querosene na piçarra e também algumas profissionais famosas na época como a Maria Batalhão... Dizem que numa única noite, ela sozinha, deu conta de um regimento inteiro do 2º BEC.
Certamente em outras (des)aventuras de meu sobrinho Prodamor poderão ser citados.
Em tempo uma correção : quando digo "ao ler o terceiro capítulo do romance Histórias de Évora" na realidade queria dizer "quarto capítulo". Desculpe-me por esse lapso.
Essa Maria Batalhão pode ser tida e havida como uma legítima heroína.
ResponderExcluirAfinal passar nas armas um batalhão, não é tarefa de pequena monta.