HISTÓRIAS
DE ÉVORA
Este romance será publicado neste sítio
internético de forma seriada (semanalmente), à medida que os capítulos foram
sendo escritos.
Capítulo V
A iniciação sexual de Marcos
Elmar Carvalho
Elmar Carvalho
O QG ficava no centro histórico de
Évora. Era considerado um dos melhores cabarés da cidade. A madame Doralice,
embora educada e também instruída para os padrões da época, impunha respeito e
ordem no ambiente, de modo que todos se comportavam de maneira conveniente, sob
pena de ser convidado a se retirar. Ocupava um casarão antigo, conhecido como Solar
da Rosa dos Ventos, que se via estampada nos mosaicos do imenso salão, que na
verdade era o átrio, de onde, através do largo corredor, se acessava os
quartos, que lhe ficavam de um lado e outro.
Quando Marcos e seus amigos chegaram
ao Quartel General havia poucos clientes, de modo que eles escolheram uma mesa posta
num dos cantos, ao fundo, onde ficariam mais à vontade. O plantel de mulheres
já estava em “exposição”, em lugares estratégicos, como se elas fossem
manequins em vitrine. Quase todas vestiam roupas curtas e de generosos decotes,
e se apresentavam maquiadas e com unhas bem cuidadas.
Uma delas, uma cabrocha morena, quase
ainda uma ninfeta, de carnes firmes e de acentuadas curvas, era muito
assediada, e no intervalo de apenas duas horas foi, sucessivamente, para o
quarto com quatro ou cinco rapazes. Estava sendo muito rentável para a casa,
pois, além da bebida consumida pelos clientes, estes ainda tinham que pagar a
chave do “abatedouro”, cuja taxa ficava toda para a proprietária. Os honorários
das raparigas eram pagos “de fora à parte”, quase sempre combinados antes de
adentrarem a alcova.
Fabrício Moreira se dava com a madame
Doralice, que sempre lhe fornecia carne fresca, saudável, recém chegada ao
lupanar. Ela era cliente da loja do pai do rapaz. Graças à intermediação deste
comprara no crediário, em módicas e suaves prestações, a mais luxuosa e
eficiente vitrola disponível, possuidora de um dispositivo em que poderiam ser
colocados vários LP's de uma única vez, que ela ia tocando de forma automática.
Logo após o segundo copo de cerveja,
ele foi falar com Doralice, sobre a possibilidade de ela ser a “professora” de
Marcos em sua iniciação sexual, tendo ela ficado muito honrada com a missão. Seria
ele recebido, com todas as honras e cuidados, em seu próprio dormitório, o mais
luxuoso e espaçoso do prostíbulo.
Ficou acertado que tão logo Marcos se
sentisse mais à vontade a procuraria. Fabrício retornou à mesa onde estavam
seus amigos e explicou a Marcos o que acertara com a madame, mulher bonita,
asseada, ainda nova e, segundo comentavam, muito fogosa. Talvez ela tivesse
entre 35 e 40 anos, mas ainda se mostrava exuberante em suas formas curvilíneas
e na textura da pele sem manchas e cicatrizes.
Doralice, após algum tempo, veio até
a mesa dos três rapazes, para cumprimentá-los, e quando se despediu, Marcos a
acompanhou. Foram para a grande suíte. Marcos, no ímpeto de sua juventude, a
beijou com sofreguidão e a acariciou, graças à experiência angariada nas danças
e nos “amassos” ou “pinos” de seus eventuais namoros. Aos poucos foram se
desnudando, até se deitarem no grande e fofo colchão. Não irei, amigo leitor,
entrar em detalhes sobre o que aconteceu ou deixou de acontecer. Deixo-o livre
para imaginar o que bem lhe aprouver, conforme a sua capacidade imaginativa.
Contudo, algo inusitado aconteceu.
Doralice, em dado momento, estrebuchou e escaramuçou agoniada; gemeu muito, e
pronunciou sons ininteligíveis, que mais pareciam grunhidos, como se fosse
morrer. De repente, distendeu-se toda, e retesa abraçou o parceiro com muita
força, como se quisesse (na velha imagem) fundir-se com ele, suada e tremendo, como se estivesse
tendo um ataque de sezão ou calafrio. Ao retesar-se, as juntas de sua espinha
dorsal estalaram, como se estivessem se partindo, semelhante às vergas de um navio
ante forte temporal. Com as pernas o enlaçou com força, como se fosse o bote de
uma jiboia, fazendo com grande maestria a conhecida chave de pernas.
Todavia, o rapaz simplesmente não
conseguiu atingir o orgasmo. Talvez ansioso, com medo de falhar, ou
sugestionado com a conversa do Mário Cunha, sobre os supostos ou verdadeiros
efeitos da bebida, não ejaculou, de modo que seu membro se manteve ereto por
quase uma hora, até que Doralice, com bons modos, muita delicadeza e muito
veludo em sua voz suave, perguntou se o jovem não desejava “dar um tempo”,
tendo ele aceitado a sugestão.
Ela então o aconselhou a não pensar
em sexo. Induziu-o a relaxar. Pegou uma cerveja da geladeira que havia no
quarto, e convidou o rapaz para acompanhá-la. Iniciou uma conversa amena, mas
foi aos poucos revelando os seus conhecimentos, mostrando que era de fato e de
direito uma verdadeira mestra e sacerdotisa do prazer, do qual dominava todos
os mistérios, ritos e mitos, tanto na prática como na teoria. Na estante podiam
ser vistos, além de romances, alguns livros sobre sexo, inclusive um luxuoso e
ilustradíssimo Kama Sutra, em que eram vistas as mais mirabolantes,
extravagantes e acrobáticas posições sexuais, cujas pinturas foram executadas por renomados artistas.
Revelou a moça que, por ocasião de
uma doença, fora consultar-se na capital com famoso médico, que lhe fez várias
perguntas sobre sua vida e hábitos. O esculápio terminou por lhe dizer que ela
nascera para o sexo, e se não fosse mulher da vida, como na época se dizia,
talvez viesse a ter graves problemas mentais ou psicológicos, de tal sorte que
não podia ficar muito tempo afastada desse mister. Após a segunda garrafa de
cerveja, convidou Marcos para irem tomar banho. Primeiro, se assearam com o uso
da ducha. Em seguida, foram para a suntuosa banheira, onde se beijaram e se
acariciaram a valer.
Refrescados e perfumados voltaram
para a cama. A madame, mostrando então todo o seu conhecimento, obtido nos
livros e na experiência, para estimular a sensibilidade de Marcos, fez coisas
inefáveis, que ele jamais havia imaginado, mesmo nos sonhos mais libidinosos.
Nunca ele havia sentido língua e dedos tão macios e peritos, tão adestrados,
hábeis e certeiros, que mal pareciam tocar a pele.
A luz da alcova não fora apagada, de
modo que o rapaz via o lindo corpo feminino refletido no espelho fixado no
teto, sobretudo as costas e a esplêndida coluna dorsal, já que Doralice tomara
a iniciativa de ficar por cima. Quando a mulher baixou a cabeça, para colocá-la
ao lado da sua, e alteava e baixava o bumbum, no ritmado movimento, ele lhe
pôde ver o perfeito contorno dos rijos glúteos, que desenhava um coração, como
na monumental Apoteose de Niemeyer. Nos movimentos ascendentes via o períneo
distender-se sobre seu membro, o que mais o enlouquecia. Era quase como se
estivesse se vendo e vendo a mulher de fora de seu próprio corpo.
Por fim, sentada triunfalmente sobre
o rapaz, Doralice fez evoluções de verdadeira contorcionista, mostrando
invejável elasticidade e preparo físico, em que girava 360 graus, e fazia
movimentos ascendentes e descendentes, revolvendo-se para todos os lados, de
forma espiralada, como se estivesse contornando os sulcos de um parafuso ou de
uma rosca infinita. Quando descia, colocava todo o peso de seu corpo sobre os
grandes lábios; o rapaz lhes sentia a umidade e o relevo no entorno da base de
seu sexo. Até explodir num jato denso, intenso e quente.
Meu caro poeta,
ResponderExcluirBom dia. Acabei de publicar o quinto capítulo. Muito bom. Uma leitura agradável que não cansa o leitor e nos faz voltar no tempo, pois fizemos parte deste tempo. Quando você descreve dona Doralice, a madame, que apesar de se entregar aos prazeres da carne era austera e impunha ordem e respeito ao ambiente, lembrei-me de dona Paulina, a proprietária do Taxi Dancing da novela Eta Mundo Bom (as idades é que são diferentes rsrsr). Parabéns amigo.
Antônio Gallas Pimentel
Caro Prof. Gallas,
ResponderExcluirMuito obrigado pelas publicações que você vem fazendo dos capítulos de meu romance em construção em seu blog, e muito obrigado principalmente por sua leitura atenta.
Só espero ter força de vontade e perseverança para continuar com essa empreitada.
Abraço,
Elmar
Vá em frente. A publicação de seu romance, capítulo por capítulo, cria certa ansiedade assim como nas novelas outrora no rádio e agora na televisão. Aguarda-se sempre o próximo capítulo para se saber o desfecho. E como diz o Vanderley Andrade (um cantor paraense que canta músicas em inglês) GO AHEAD MAN!
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