Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras
Por muito tempo se asseverou, de
forma errônea que a cidade de Arraial, no Médio-Parnaíba piauiense tivesse sua
origem numa aldeia onde foram arraialados os índios acoroás e guegués. Porém,
este fato não é verdadeiro, e somente onde hoje se situa a cidade de
Regeneração é que foram, na região, aldeados indígenas das duas nações.
A cidade de Arraial tem suas origens
numa fazenda de criar medindo quatro léguas de comprimento e três de largura,
fundada no primeiro quartel do século XVIII, pelo pioneiro criador Antônio
Dias, que a povoou na condição de posseiro. Mais tarde, ele a vendeu ao criador
Mathias Gonçalves e este ao abastado fazendeiro Miguel de Araújo Reymão, que
então ocupava a patente de sargento-mor. Em meados daquele século, o velho
militar a deu em dote a Antônio Borges Teixeira, seu genro, em face do
casamento com sua filha Joana da Silva Pinto. E até o ano de 1754, todos esses
criadores pagaram renda ao sesmeiro baiano Domingos Jorge Afonso, como sucessor
de Julião Afonso Serra, um dos quatro maiores desbravadores e sesmeiros do
território piauiense. Essas valiosas informações, até agora inéditas, constam
na lista dos possuidores de terras elaborada pelo desembargador Francisco
Marcelino de Gouveia, em 16 de novembro de 1762.
Segundo consta em censo descritivo
finalizado em 6 de julho de 1765, naquele tempo residia na fazenda Arraial o
senhor do lugar, Antônio Borges Teixeira com a esposa Joana da Silva Pinto, as
filhas Ignácia e Francisca da Silva, ambas solteiras, e o filho Antônio Borges,
o moço, com a esposa Ana Ramos da Assumpção, acompanhados de quinze escravos,
sendo oito do sexo masculino e sete do feminino. É esta a gênese do lugar. Foi
em face dessa população de pouco mais de vinte pessoas, morando na sede da
fazenda, que o lugar desde cedo ganhou o nome de Arraial.
E como simples fazenda de criar se
demorou por cerca de dois séculos. Somente em princípio do século vinte foi a
sede de fazenda tomando o aspecto de um pequeno povoado. Então, no ano de 1920,
o cônego Antônio Cardoso de Vasconcelos, vigário de Regeneração respondendo
também pela freguesia de Amarante, em visita pastoral reuniu os principais
moradores do lugar e os conclamou a construir uma capela sob o orago de Nossa
Senhora de Santana. Para isto organizou uma comissão que levou a obra a termo,
iniciando-a em 1921 e a inaugurando em maio do ano seguinte. Até então as
cerimonias religiosas eram celebradas ao ar livre. Nessa mesma época, por
sugestão do referido vigário, foi o nome da povoação mudado para Campo Alegre.
Por esse tempo, animados com a
construção do templo religioso e a prosperidade do lugar, alguns moradores de
fazendas vizinhas fixaram-se na povoação, gerando surto de progresso. Logo,
iniciou-se as feiras semanais aos sábados, onde se comercializava frutas,
legumes e cereais produzidos na região, assim como tecidos, ferragens e gêneros
em geral que vinham pelo porto e casas comerciais de Amarante.
Depois de quarenta anos os
arraialenses conquistaram a sua emancipação política. Foi a povoação elevada à
categoria de cidade e município pela Lei n.º 2.559, de 9 de dezembro de 1963,
com o antigo nome de Arraial, sendo o território desmembrado de Amarante.
Porém, a instalação oficial somente ocorreu em 31 de janeiro de 1967, com a
posse das primeiras autoridades eleitas no ano anterior. Foram prefeitos do
Município: Vitório Rosa de Oliveira(1967 – 1970, 1973 - 1976), Odontino
Ferreira dos Santos(1971 – 1972, 1989 – 1991)), Francisco Alvarenga da
Rocha(1977 – 1983, 1993 – 1996), Zacarias Pereira Lima(1983 – 1989), Raimundo
José da Rocha(1997 – 2000), Eulália Lúcia da Silva Alves Santos(2001 – 2004,
2005 – 2008), Lanero da Silva Marinho(2009 – 2012 e 2013 – 2015) e Numas
Porto(eleito em 2016).
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