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METAPOEMAS COMENTADOS (conclusão)
Alcenor Candeira Filho
7.7 -
ESPÉCIES
écloga para o diálogo
nênia para o pranto
ode para o tributo
hino para o canto
haicai para o resumo
idílio para o campo
elegia para o luto
soneto para a gaiola
rondó para o estribilho
acróstico para o nome
parlenda para a criança
epigrama para o crítico
acalanto para o sono
pantum para o quarteto
pastorela para a estrofe
vilanela para o terceto
vilancete para a glosa
ditirambo para o vinho
epitalâmio para o noivo
barcarola para o rio
madrigal para o amor
parábola para a lição
tenção para o desafio
epicédio para a dor.
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• ÉCLOGA
– Poesia campesina com diálogo, muita usada no século XVIII, sob a vigência do
Arcadismo.
• NÊNIA -
Canto fúnebre.
• ODE -
composição singela em louvor de
uma pessoa, fato ou coisa.
• HINO -
Composição própria para ser cantada, em louvor de um fato religioso
(sacro) ou patriótico (cívico).
Identifica-se no hino patriótico, isto é,
no canto de louvor ou de veneração a um país e a seu povo, características
marciais ou solenes, traduzidas na retumbância de sons de clangor.
• HAICAI -
Composição de origem japonesa (“haiku”) constituída de três versos, o
segundo com sete sílabas e os outros com cinco.
•
IDÍLIO -
Composição campesina sem diálogo.
• ELEGIA -
Canto lamentoso repleto de ternura e de tristeza.
• SONETO -
Composição de forma fixa constituída de dois quartetos e dois tercetos.
• RONDÓ -
Poema de forma fixa, com pequenas variações. No livro PRQUENO DICIONÁRIO
DE ARTE POÉTICA, Geir Campos destaca “o RONDÓ SIMPLES (14 versos)
distribuídos em dois quartetos e um
sexteto, repetindo sempre os dois versos finais, segundo o esquema ABAB/ABAB, ABABAB) e RONDÓ DUPLO (uma estrofe
de cinco versos, uma de três e outra de cinco, acrescentando-se à segunda e à
terceira, à guisa de “ quebrado”, o hemistíquio inicial da composição, segundo
o esquema AABBA/AABQ/AABBAQ), além de um
novo tipo, inexatamente chamado RONDÓ REDOBRADO, que seria talvez um RONDÓ
QUÁDRUPLO, formado de quatro estrofes e cinco versos e três de três, todas com
“quebrado”, exceto a primeira, segundo o esquema AABBA/AABQ/AABBAQ/ AABQ/AABBAQ/ AABQ/AABBDQ.
• ACRÓSTICO
– Composição de pouco valor literário cujas letras iniciais de cada verso
formam, numa leitura vertical, uma palavra.
• PARLENDA -
Composição ritmada e divertida muito apreciada pelo público infantil.
Exemplo clássico:
“Amanhã é domingo,
pé de cachimbo
.................................”
*EPIGRAMA -
Poema curto e satírico.
*ACALANTO -
Canto suave para embalar o sono.
• PANTUM -
Poema estrófico formado por uma sequência de quartetos.
•
• PASTORELA -
Poema que pode ter seis ou mais estrofes, não ultrapassando o número de
trinta.
• VILANELA -
Composição estrófica constituída de uma sequência de tercetos.
• VILANCETE -
Forma arcaica de glosa.
• DITIRAMBO -
Composição que exalta os prazeres do vinho e da mesa.
• EPITALÂMIO -
Composição que celebra o matrimônio ou o noivado.
• BARCAROLA -
Poema sentimental e melodioso relacionado com as águas.
• MADRIGAL -
Pequena composição poética que encerra um galanteio.
• PARÁBOLA -
Narrativa alegórica que encerra um ensinamento moral.
TENÇÃO -
Segundo Massau Moisés (DICIONÁRIO DE TERMOS LITERÁRIOS), tenção é a
“modalidade poética medieval, originária da Provença, constituída de um debate
ou discussão
entre dois trovadores, cada qual
a defender um ponto de vista ou ideia. Poema dialogado, girava sobretudo em
torno de questões amorosas, mas acolhia temas políticos, morais ou
imaginários.”
• EPICÉDIO -
Espécie de poema elegíaco que entre os gregos designava o canto
plangente.
8.8 -
ESTROFES
parelha
terceto
quarteto
quintilha
sextilha
setena
oitava
novena
e décima.
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Estrofe é um conjunto de versos. Uma linha
em branco separa uma estrofe de outra.
O poema classifica as estrofes quanto ao
número de versos:
- parelha: 2v.
- terceto: 3v.
- quarteto: 4v.
- quintilha: 5v.
- sextilha: 6v.
- setena ou setilha: 7v.
- oitava: 8 v.
- novena: 9v.
- décima: 10v.
...........................
redondilha menor
redondilha maior
..........................
hendecassílabo
dodecassíllabo.
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Para não ficar enfadonho, o poema
relaciona apenas quatro tipos:
- redondilha menor: v. de 5 sílabas
- redondilha maior: v. de 7 sílabas
- hendecassílabo: v. de11 sílabas
- dodecassílabo: v. de 12 sílabas.
8.10 - RIMA
perfeita ou imperfeita
identidade sonora
em início em meio
ou em fim do verso.
toante - se se dá
a partir de vogal tônica
de derradeira palavra de cada verso,
consoante - se ocorre só entre vogal tônica
de derradeiro signo de cada verso.
mais:
rara
rica
pobre
grave
aguda
esdrúxula
A
B
A
B
A
B
B
A
A
A
B
B.
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Rima é a identidade sonora entre palavras
dos versos, podendo ocorrer no início, no meio ou no final deles.
O poema enumera vários tipos de rima:
- PERFEITA: Identidade sonora e
gráfica a partir da vogal tônica da palavra: mistério/cemitério.
- IMPERFEITA: Falta de
identidade quanto ao timbre: museu/céu.
- CONSOANTE: A que só apresenta
semelhança na vogal tônica: forte/ocorre
- TOANTE: A que apresenta
semelhança de consoantes e vogais: vida/querida.
- RARA: Ocorre entre palavras com
sonoridade incomum: arriba/Parnaíba.
RICA: Entre palavras pertencentes
a diferentes categorias gramaticais: povo /novo.
- POBRE: Entre palavras da mesma
categoria gramatical: povo/ovo.
- GRAVE: Entre palavras
paroxítonas: menino/sino.
- AGUDA: Entre palavras oxítonas:
caju/tatu.
- ESDRÚXULA: Entre palavras
proparoxítonas: árvore/mármore.
Em seguida o poema classifica as rimas
quanto à disposição:
- alternadas: a-b-a-b
- encadeadas: a-b-b-a
- emparelhadas: a-a-b-b.
o que compAra: metáfora
o que nomEia: antonomásia
o que aproxIma:
comparação
o que relaciOna: metonímia
o que sUpre: catacrese
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As figuras de linguagem ou de estilo
constituem formas elegantes de expressão do pensamento.
Além das citadas na série de três poemas,
há muitas outras figuras, como as de
construção (anadiplose, anáfora, anástrofe, antanáclase, epanáfora, epístrofe,
epizeuxe, etc.) e as de efeito sonoro: aliteração, assonância, onomatopeia.
O poema em análise trata das figuras de
palavras, que consistem na mudança ou
troca no significado das palavras, sendo também chamadas de tropos.
Observe-se
que os poemas sobre figuras apresentam caprichosamente em destaque as
vogais tônicas na sequência A-E-I-O-U.
A composição relaciona as seguintes
figuras de palavras:
• METÁFORA:
De acordo com Aristóteles (POÉTICA), “a me-
táfora consiste no transportar
para uma coisa o nome de outra, ou do gênero para a espécie, ou da espécie de
uma para a espécie da outra, ou por analogia”. Em outras palavras: metáfora é o
uso de um termo com significado de outro em razão de uma relação de semelhança
entre ambos. É uma comparação implícita ou subentendida, sem a presença dos
elementos comparativos.
No exemplo abaixo temos uma sequência de
quatro metáforas, todas relacionadas com a ideia de morte:
por que te chamam a megera
fria
ou das trevas a eterna
namorada
ou a amante de garras
assassinas
ou a ignorada das ignoradas?
(Alcenor
Candeira Filho - MORTE)
• ANTONOMÁSIA:
Designação de uma coisa ou pessoa, não pelo seu nome mas pela qualidade que a
notabiliza.
• Exemplo: Moro na Princesa do Igaraçu (por
Parnaíba).
• COMPARAÇÃO:
É a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação de
semelhança. Distingue-se da metáfora porque se utiliza de conectivos
comparativos.
• Exemplo:
mergulho nos
quarenta anos de idade
como um lobo
raivoso e descontente.
(Alcenor Candeira
Filho -
SONETO DOS QUA-
TA ANOs)
*METONÍMIA: Consiste no emprego
de uma palavra em lugar de outra por haver entre elas alguma relação.
Ocorre quando se usa:
-o autor pela obra: Ler Camões.
- o
possuidor pelo possuído: Ir ao barbeiro.
- o
possuído pelo possuidor: Na Síria não descansam as armas.
- o lugar pela coisa: Ir ao banco.
- o lugar pelo produto: Tomar champanha.
- o continente pelo conteúdo: Comer todo o
prato de arroz.
- o singular pelo plural: Todo homem é
livre.
- a parte pelo todo: Procuro um teto para
morar.
• CATACRESE: Uso de uma palvra em sentido diferente do
real para suprir uma deficiência da
língua.
Exemplo: Braço de cadeira.
8.12. -
FIGURAS DE SINTAXE
se desgArra: anacoluto.
se excEde: polissíndeto
se mÍngua: assíndeto
se transpÕe: hipálage
se ocUlta: elipse
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• ANACOLUTO: Consiste em deixar um termo solto na frase,
sem função sintática definida.
• Exemplo:
A vida, eu não quero discutir sobre isso.
• POLISSÍNDETO: Repetição do conectivo.
Exemplo:
(...)
e o morto
é murcho
e mudo
e surdo
e cego
e vento
e frio
e nuvem
e tudo,
aqui
ali
além
amém.
(Alcenor Candeira Filho - O
MORTO)
• ASSÍNDETO:
Supressão de conectivo.
Exemplo: Maria brincava, Pedro
dormia.
• HIPÁLAGE:
Transposição de termos na frase.
No último verso do poema abaixo o adjetivo “pressurizado”
caracterizaria normalmente o “avião”, que de fato é pressurizado, e não o
“vôo”:
no aeroporto de Parnaíba
(por lei agora
internacional)
só se vêem acrobáticos
vôos
de urubus rolinhas gaviões
- não o vôo pressurizado
de aviões.
(Alcenor
Candeira Filho - AEROPORTO)
• ELIPSE:
É o ocultamente de um termo, que fica subentendido pelo contexto.
Exemplo: Sou parnaibano; ele,
teresinense.
8.13. -
FIGURAS DE PENSAMENTO
quando abrAnda: eufemismo
quando exagEra: hipérbole
quando contradIz: paradoxo
quando opÕe: antítese
quando fUnde: sinestesia
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Conforme Massaud Moisés (DICIONÁRIO DE
TERMOS LITERÁRIOS), as figuras de pensamento “dizem respeito aos pensamentos
(auxiliares) , encontrados pelo sujeito falante para a elaboração da ‘matéria’
e, por conseguinte, são, em princípio, objeto da ‘inventio.’”
Além das citadas no poema, podem ser
lembradas ainda a ALEGORIA, ANTÍFRASE, APÓSTROFE, LITOTES, PROLEPSE, etc..
Cuidemos
das figuras de pensamento mencionadas nos versos:
• EUFEMISMO: Atenuação de ideia ou de expressão. Adocicação de termos.
Exemplo:
ainda que marcado
encontro
sem chance de
desencontro
haverás de ser para
sempre
bem para além de
bem-amado.
(Alcenor Candeira Filho -
SONETO
DO MARCADO
ENCONTRO)
• HIPÉRBOLE:
Consiste em exagerar para mais ou para menos as quantidades dos objetos.
Exemplo:
o chumbo
das armas covardes
pesava toneladas
..............................
(Alcenor Candeira
Filho -
PASSANDO
EM REVISTA)
*PARADOXO: Proposição aparentemente absurda, resultante
da reunião de ideias contraditórias.
Exemplo:
larga estrada
enquanto curta,
estreita se
quilométrica,
ó sinuosa linha
reta,
- via imensa e diminuta.
(Alcenor
Candeira Filho - FUNDO E FORMA)
• ANTÍTESE:
Emprego de termos de sentidos opostos.
Exemplo:
Ó lírios brancos deste mundo negro!
(Alcenor Candeira
Filho -
MOMENTOS DE
ANGÚSTIA
• SINESTESIA:
É a interpenetração de planos sensoriais (auditivos, visuais, olfativos...)
• Exemplo: Um doce abraço (doce=sensação gustativa;
abraço= sensação tátil).
BIBLIOGRAFIA
A) RELATIVA À ”INTRODUÇÃO”
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“Reunião” - 10 Livros de Poesia. – Rio de Janeiro, J.
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Poética”. Rio de Janeiro, Editora do Autor, 1966.
SOUSA, Cruz e. “Cruz e Sousa”
(Nossos Clássicos). Rio de Janeiro,
Agir, 7ª edição, 1994.
B) RELATIVA AO RESTANTE DO LIVRO
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“Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”. Rio de Janeiro, Objetiva, 1ª edição,
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MOURA, Francisco Miguel de.
“Literatura do Piauí”. Teresina, EDUFPI, 2ª edição, 2013.
PARA GOSTAR DE LER: Crônicas/
Carlos Drummond de Andrade...[et al.]. São Paulo, Editora Ática S.A., 1980.
POUND, Ezra. “A Arte da Poesia”.
São Paulo, Editora Cultrix Ltda., 1976.
PROENÇA FILHO, Domício. “Estilos de
Época na Literatura”. Rio/São Paulo, Editora Liceu, 2ª edição, 1969.
N O T Í C I A S O B R E
O AUTOR
Alcenor Rodrigues Candeira Filho:
parnaibano (1947).
Pais: Alcenor Rodrigues Candeira e Maria
de Lourdes Castelo Branco Candeira.
Esposa: Ana Lúcia Cerqueira Candeira.
Filhos: Dina, Diana e David de Carvalho
Candeira.
Professor, escritor, advogado e procurador
federal aposentado.
Foi professor nos seguintes
estabelecimentos de ensino: Colégio Comercial União Caixeiral, Escola Roland
Jacob, Colégio Cobrão e Campus Ministro Reis Velloso/Universidade Federal do
Piauí.
Outros cargos exercidos: assessor jurídico
da Federação das Indústrias do Estado do
Piauí, vice-diretor do Campus Ministro Reis Velloso, agente da previdência
social em Parnaíba, procurador regional do INSS, secretário municipal de
educação e secretário municipal da gestão.
OBRAS PUBLICADAS:
A) POESIA: “Sombras entre Ruínas” (1975), “Rosas e Pedras”
(1976), “A Insônia da Cidade” (1991), “Antologia Poética” (2004 e 2016),
“Parnaíba: Meu Universo” (2014)
B) PROSA: “Das Formas de Influência na Criação Poética” (1980
e 1985), “Aspectos da Literatura Piauiense” (1994), “Redação no Vestibular” (1996-2000),
“Literatura Piauiense no Vestibular (1996-2000).
C) PROSA E VERSO: “Memorial da Cidade Amiga” (1998), “No
Reino da Poesia” (2001), “O Crime da Praça da Graça (2008), “Seleta em Prosa e
Verso” (2010).
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