Foto meramente ilustrativa |
HISTÓRIAS DE ÉVORA DE ELMAR CARVALHO – (I)
Magno Pires (*)
Os
contos ficcionais e reais contidos no livro-romance Histórias de Évora, enredo
ficcional e real, mais este que aquele, pressupõem que os acontecimentos
ocorrem em cenário europeu, em Portugal. Pois, assim nos conduz o topônimo
“Évora”; porém, e efetivamente, suas empolgantes e emocionantes narrativas se
desenvolvem, ambientadas e contextualizadas em Sete Cidades, paraíso ecológico,
situado em Piracuruca; ou, entre os limites das chapadas e do cerrado, com
fortes características, também do semiárido, dos municípios de Piracuruca e
Piripiri; contudo, as belas e cativantes composições ficcionais avançam ou
abarcam também Parnaíba e Campo Maior dos anos 70 e 80. E outras cidades
piauienses no rico e extraordinário período do extrativismo vegetal da cera de
carnaúba que enriquecera a elite rural do Estado. E a sua principal atividade
econômica de então.
Narrativas
ficcionais e materiais. Subjetivas e objetivas que conduzem, racionalmente, à
realidade dos fatos e passagens descritas com tanta precisão.
Ações
e caminhos literários que prospectam e ecoam as objetividades expostas, que
deixam o leitor curioso e com forte ansiedade e desejo ilimitado de ler a
próxima história para saciar a sua indiscrição de tão relevantes que são.
Embora
divididos e/ou separados em capítulos, cronologia natural adotada em qualquer
romance, o embricamento e/ou ligamento entre as exposições das ocorrências, dos
fatos, das circunstâncias, do meio, dos fins colimados e dos cenários
trabalhados caracterizam e formalizam um contexto extremamente real das
histórias bens construídas, entabuladas e narradas, ainda que o romancista fale
mais em ficcionismo e o livro detenha um realismo contagiante.
E
a sua conexão emocional e consensual, entre fatos e ficções, nas metas
conarrativas, com o protagonista Marcos Azevedo, denota a vasta sensibilidade
do autor em expor a conduta social e afetiva desse referencial Marcos Azevedo,
com os demais personagens; e emoldurar, realisticamente, as histórias. E
exponencializar a realidade pseudo-ficcional, embora os contos de Évora sejam
mais realidades que coisas irreais, o que também expressa a inteligência
literária do autor em tentar dividi-los e/ou segregá-los.
É
um romance mais real que ficcional (repito), ainda que romance, que relata
várias décadas históricas do Brasil. Salientando os fatos, as suas
características sociais, culturais, econômicas e políticas, além de suas
acentuadas contradições do período compreendido. E com comentários bem
emoldurados e descritos factualmente, fugindo do ficcional, e sem o medo e/ou
receio de expor, comentar, criticar, dizer e falar a verdade, mesmo quando
descreve sobre sexo, festas amorosas, encontros libidinosos... Sarau, embora na
época, não se usava essa terminologia para qualificar esses encontros festivos.
Existiam as famosas tertúlias. Numa sociedade conservadora, como a das décadas
de 50 e 60 do século passado. Quando o país ainda vinha tentando se libertar
limitadamente dos fortes vínculos do famigerado regime escravocrata.
E,
ao estender-se às décadas de 70 e 80, embora nestas, o conservadorismo haja
diminuído, havendo uma certa descontração e/ou descompressão dos costumes
sociais. Ainda que o lado religioso e ortodoxo existisse, porém, sem as fortes
características do período passado.
É
um romance histórico, sociológico e antropológico. E de leitura aconselhável
para jovens e adultos, especialmente, por conta do seu conteúdo social real,
sociológico, e uma explanação correta, privilegiada, das mudanças dos matizes
sócio-política-econômica e cultural da sociedade brasileira no período
contextualizado e desenvolvido com empolgante sinceridade.
(*) Magno Pires é membro da Academia
Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, ex-consultor
jurídico da Companhia Antarctica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal
www.magnopires.com.br com 93.896.112 acessos em 8 anos e 2 meses, e-mail: magnopires_mp@yahoo.com.br.
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