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Um soneto do noturno
Alcides Freitas (1890 – 1913)
Andam chorando as chuvas nos telhados,
lágrimas frias de compridas águas,
como se, nesses prantos derramados,
chorassem olhos de perpétuas mágoas...
Gemem, profundamente, desalmados,
como o furor das ondas pelas fráguas,
os peitos largos dos trovões pesados,
na hidropisia das primeiras águas...
Eu fui assim também... E a natureza
lembrava-me doridas privações
de almas chorosas, roxas e viúvas...
Hoje... pouco me pesa essa tristeza!
Podem rachar os peitos dos trovões,
correr sem fim as lágrimas das chuvas...
(Antologia da Academia Piauiense de Letras, org. Wilson
Carvalho Gonçalves)
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