sexta-feira, 24 de agosto de 2018

MALAGRIDA: Missões no Nordeste, morte na fogueira da Inquisição

Fonte: Google


MALAGRIDA: Missões no Nordeste, morte na fogueira da Inquisição

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria0o1@hotmail.com
  
         Iniciei o antigo Primário na ESCOLA PADRE MALAGRIDA, na Avenida São Raimundo Nonato, no centro comercial da Piçarra. Antes do início da aula, 24 de agosto, a notícia: “Morreu o presidente Getúlio Vargas... aulas dispensadas”.

Não me interessam detalhes históricos do notável estadista brasileiro. Aquele esquisito nome MALAGRIDA não me sairia da memória e curiosidade. Fui completar o Primário no DOMINGOS JORGE VELHO, sem esquecer MALAGRIDA. Aos 12 anos, fui internado no seminário capuchinho de Messejana. MALAGRIDA na cabeça. Até hoje, só não entendo por que o fantástico jesuíta pouco aparece nos registros do Piauí. Aliás, o o bandido Lampião é mais festejado pelas esquerdas do que  MALAGRIDA, uma certidão amorfa.

PIRACURUCA sabe que o jesuíta PADRE MALAGRIDA  transformou uma modesta casa de farinha em magestosa IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO, às expensas dos IRMÃOS DANTAS e das esmolas dos fiéis? Não só em PIRACURUCA. O missionário construiu igrejas, escolas e conventos da Bahia a Belém.

Nascido na Itália em 1689, GABRIEL MALAGRIDA demontrou, desde cedo, tendências místicas, recebendo avisos em sonhos e orações. Entrou na COMPANHIA DE JESUS. Estudioso profundo, logo se dedicou ao ensino de Humanidades. Transferiu-se para Lisboa. Empolgado com a missão jesuítica no Brasil, embarcou para São Luís, onde lecionou no colégio dos jesuítas. Missionou em tribos indígenas ferozes, no sul daquele estado, quase morria a flexadas. O infatigável MALAGRIDA exerceu apostolado em Belém. Multidão de fiéis o acompanhava, seduzido pelo sermão, orações, avisos divinos e curas, daí o apelido de TAUMATURGO.

PADRE GABRIEL MALAGRIDA decidiu cruzar todo o Nordeste, durante catorze anos, quase oito mil kilômetros, embrenhando-se pelos sertões, deixando a marca da missão jesuítica, na construção de igrejas, conventos, seminários e escolas, inclusive para prostitutas. Em João Pessoa, a rua dos prostíbulos chama-se PADRE MALAGRIDA. Missionou quase todo o Piauí, depois na Serra Grande, entre índios Tabajaras. Tentou a construção de um seminário em Buriti dos Lopes. Faltaram verbas e clérigos educadores.

A exemplo PADRE ANTÔNIO VIEIRA e ANCHIETA, MALAGRIDA e a missão jesuítica combatiam a escravidão de índios e negros, além de desenvolver o melhor projeto educacional do país: cultivar a leitura e conhecimentos para construir a sociedade. A missão custou caro, devido aos interesses do estado e da elite escravagista.

PADRE GABRIEL MALAGRIDA regressou a Portugal, admirado e festejado na Corte, pelas obras no Brasil, além dos milagres operados. O primeiro ministro MARQUÊS DE POMBAL andava às turras com a COMPANHIA DE JESUS, que lhe condenava o tratamento despótico aos negros e índios do Brasil. PADRE MALAGRIDA o criticava severamente. POMBAL acusou-o ao TRIBUNAL DA  SANTA INQUISÃO de bruxo, condenado à fogueira.   

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