terça-feira, 30 de outubro de 2018

A Beleza e seu Labirinto (*)



A Beleza e seu Labirinto (*)

Elmar Carvalho

Não quero mais a alegria postiça
das bonecas de porcelana.
Tampouco me apraz a beleza fugidia
das lourinhas de farmácia.
Fujo agora dos peitos abundantes
redundantes das bombas de silicone.
Não me comove a simpatia
das meninas amestradas.
Tampouco almejo a presença
das damas ou moças de companhia.
Persigo tuas negras pupilas escondidas
detrás de azuladas lentes de contato.
Já não admiro a beleza
morena da cosmética.
Driblo as armadilhas da sedução
programada das moças de programa.
Descreio da perfeição e juventude
fornecidas por bisturis e botox.
Descarto o sexo sem nexo
solitário das bonecas infláveis.
Me acautelo contra as roupas suntuosas
e joias cintilantes das bonequinhas de luxo.
Não me agradam as cicatrizes florais
de exageradas tatuagens panfletárias.

É que me tornei o anjo da destruição
de todas as lojas de horrores.

Mas, contraditório e viniciano, admito:
a beleza é sempre fundamental.
Ainda quando aperfeiçoando
e amplificando a beleza natural.

(*) Poema inédito, que publico agora a pedido do amigo Cunha e Silva Filho. Após vários anos sem produzir nenhum texto poético, elaborei este poema no dia 05/10/2018, no ensejo da entrevista que concederia ao programa “Justiça às suas ordens”, exibido pela TV Assembleia, no dia 16, cujo vídeo pode ser acessado pelo You Tube ou neste blog.   

2 comentários:

  1. Benvindo ao seu campo de semeio no qual temos colhido tantos e bons alimentos para o espírito. Fico feliz em ver publicado esse desmentido. A deusa da poesia ainda caminha lado a lado com o Aedo campomaiorense.

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  2. Caminha, caro amigo Araújo, mas cada vez mais esquiva e desdenhosa, quase como se não mais quisesse a minha companhia.

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