Espera
Paulo Véras (1953 – 1983)
Esta boca enlanguescente
que a tarde produziu cheia de memórias e desejos
fabrica o mel em concha de ouro
enquanto os olhos passeiam de colmeia em colmeia
e se espalham exaustos em langores
É tão minha esta calma doce
que o vento faz questão
de bordar nas entranhas
e derramar pelo corpo
É tão teu este recorte de luz e sombra
que o abajur tece no canto do quarto
e marca com um halo tua presença
É tão nosso este abraço ausente
que se firma na copa da noite
e decepa com lâmina de foice
a inútil esperança.
Fonte: A Poesia Parnaibana, 2001
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