terça-feira, 10 de setembro de 2019

MEU IRMÃO ÁRABE

Fonte: Google


MEU IRMÃO ÁRABE

Weliton Carvalho

                                   a Juarez Bessa

O árabe se arraiga à terra
na lição do árido no deserto
          e de repente toda Grécia resplandece
                  – na flor do século VII d.C –
          em harmonia com judeus e nós cristãos
               nas  mãos calejadas
                   dos beduínos,

             que habitam a esperança faz milênios
    e iluminaram o ocidente por inteiro ostentando a cabeça de Aristóteles
                              – nos textos metafísicos que legou –

     Hoje, meu irmão, ti discrimino:
                – nego a história –
       e ti aponto cruel e sem poesia
e nem vejo teu ramo de oliva em uma das mãos.

Renego tua literatura indomável pela beleza que transborda?
Ah, Sharazade, me conte uma história que me salve da morte
                    ou do ódio construído
e me ensine a sonhar com os números e o infinito no tempo
               nas mil e uma noites (sem fim).

E por que esqueci de tua tolerância aos derrotados,
se a Andaluzia festeja a beleza árabe e suas cores?

E de tudo, é esta verdade aporética o que ficou:

não se perca o mistério do oriente,
porque a poesia não resiste revelada.

Há que se plantar no deserto a tolerância,
   mesmo que seja ela um grão de areia.  

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