quarta-feira, 9 de outubro de 2019

ABENÇOADO B-R-O-BRÓ




ABENÇOADO B-R-O-BRÓ

JOSÉ MARIA VASCONCELOS
CRONISTA, josemaria001@hotmail.com

Chega B-R-O-BRÓ, chega de chororô. Repórteres alarmistas enxergam inferno nos 38 a 40 graus. Assemelham-se a profetas apocalípticos. Deveriam difundir os benefícios que a bendita estação nos proporciona. Gente de regiões frias, residentes aqui, ressalta as virtudes de nosso calor. Repare:

    “Frio é bom para turistas, mas quem reside no Sul, prefere o clima do Nordeste, particularmente do litoral” - afirma o gaúcho e pastor evangélico, Sérgio Campanelli.

Jesuíta e italiano já falecido, PADRE LUCIANO afirmou certa vez: “Vocês precisam explorar os benefícios do calor”. Na Itália, há picos de 45 graus. Todo mundo se banha mais do que no rigoroso inverno.”

Gerente de importante empresa paranaense: “Tempo gelado incomoda até quem se senta no sifão. Não há agasalho que resista. Aqui, vocês enfrentam estiagem; lá, as geadas queimam a pele e as plantações”.

      É preciso tirar proveito do calor, estação sazonal da manga, caju (cajuína), abacaxi, mamão... Bebe-se mais água, que elimina radicais livres, toxinas, excessos de sais e açúcares no sangue, previne cáuculos. Hábitos que prometem longevidade. 

    Em tempo de estiagem, consegue-se produção agrícola com moderna tecnologia de gotejamento. Cadê minhas favas? Estou colhendo-as em pleno B-R-O-BRÓ, com irrigação por gotejamento. Aprendi a técnica quando visitei Israel. Meio a plantações, suor, prazeres que não encontro em academia. Deliciosas favas, caras e disputadas no mercado, cozidas (prefiro as verdes) com arroz, cheiro verde e azeite de coco. Seduzido pelo fácil manejo, sem pragas e predadores, o agrônomo Bartolomeu resolveu seguir-me a lição, cumprindo a parábola do bom semeador.

     Piauí, solo fértil, aquíferos e mananciais; mais abundante, só o chororô e cuia na mão, avidez de verbas públicas, sabe Deus com que intenções.

   Todas as manhãs, generosos ventos frescos invadem Teresina. À tarde, a canícula dispara, até primeiras horas da noite. Mas aquele ventinho das dez... Antigamente, pessoas sentavam-se à porta das casas, esticavam o papo, aguardando a brisa relaxante, ao brilho do luar. Na zona rural, ainda se conserva saudável hábito. Na capital, porém, muita gente se deleita na cerveja estupidamente gelada.

     Edênica CIDADE VERDE, quente como a terra de JESUS, que bateu longo e belo papo com a samaritana, à beira do poço, sedento e fatigado pelo calor do meio-dia (João, 4). Dois milênios antes, ABRAÃO e três mensageiros à sombra dos carvalhos de MAMBRÉ, “no maior calor do dia”, confraternizavam-se com carne de cordeiro e promessa de futuro filho, sem maldição das safadezas sodomitas (Gênesis, 18). Teresinenses confraternizam-se à sombra das árvores ou balneários, em finais de semana.

Lamentar B-R-O-BRÓ, eu, hein?! Sem bendito calor, faltar-me-ia a suculenta manga, caju, cajuína, mil frutas, de dar água na boca dos que não se adaptam aos ciclos e mistérios da natureza.    

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