DALILÍADA
(poema
épico inspirado na vida e na obra de Dalí)
Elmar Carvalho
V
A decomposição compõe
esculturas nas órbitas
vazias das caveiras
e um balé antropofágico se
inicia
no verme que esculpe as
duras
arquiteturas das ossadas.
VI
As circunvoluções cerebrais
rompem os crânios
que depois se recompõem
em espiraladas evoluções.
VII
Um velho crepuscular
se apóia em decrépitas
ruínas
que no velho buscam amparo
e anteparo contra as
borrascas do tempo.
VIII
A sala onde uma velha
cose o tempo com suas
meadas
é uma janela que se abre
em outra janela onde
veleiros navegam. . .
A velha navega no tempo
pelos fios nevados da
meada.
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