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DALILÍADA
(poema
épico inspirado na vida e na obra de Dalí)
Elmar Carvalho
XXV
Ao som de sua música dorida
o instrumento masoquista
se torturava e em gestos
retorcidos se dilacerava
nas mãos
atormentadas de quem
tocava.
XXVI
O homem é um navio fantasma
algemado por velas e
cordames
de promessas vãs
na praia inóspita em
que se acha encalhado.
XXVII
As postas de carne se
revolviam
em bruscos gestos
torturados
– espadas por si mesmas
decepadas –
e revolviam a terra que
era uma mão mutilada.
XXVIII
Os amantes comiam objetos
e se comiam entre gestos
obscenos em que se perdiam.
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