O INOCENTE E A INOCÊNCIA
Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Assunto que já saturou, deu o que
tinha de dar, passou da conta: esse bate-boca do administrador municipal com
pressupostos adversários ou críticos a respeito de quem seria o candidato por
ele indicado como seu sucessor, ou rebatendo insinuações e justificativas,
daqueles, sobre o motivo que o teria levado a não fazer tal indicação: a falta
de um bom nome. Faz parte da liturgia do cargo prestar esse tipo de informação
a quem quer que seja? Por que não se fingir de surdo-mudo, dar ouvidos de
mercador, bancar o inocente, não comprar briga com quem, tudo indica, tem
adotado por diversão tentar enervá-lo, desestabilizá-lo? Deixar as picuinhas de
fofoqueiro para lá, pois já estão enchendo o saco até de quem está fora de esse
círculo. Cuide de sua administração, que ela ainda não terminou. Se julgar
conveniente, aceite, e até agradeça sugestões de pré-candidatos ou de seus
staffs, que acham a cidade malgovernada; logo, logo verá esses conselhos
sumirem; afinal, aqueles que gostariam de ocupar seu cargo, terão que se
mostrar substitutos, não à sua altura – haja vista que, para eles, o senhor não
é bom -, mas bem melhores; a propósito, evolução – ainda que, na política que se pratica, ela
inexista - é algo que se espera de quem, sem demagogia, também se propõe a
servir ao povo, na condição de seu representante governamental ou parlamentar.
Seguramente,
não foi por conta do catatau de condenações e prisões a que instâncias da
Justiça brasileira, com o auxílio do congresso nacional, submeteram o
ex-governante, que o atual chefe do governo, segundo disseram, sugeriu que a
população se insurgisse contra o parlamento e, mesmo parte do poder judiciário:
deve ter visto ou sonhado com outros desvios de função. Porém, partindo do
ponto de vista daqueles que não viram qualquer crime sendo cometido pelo
ex-presidente, mas, sim por seu algoz ministro, enquanto juiz; se, de fato,
aquelas instituições, acataram e concordaram com acusações ou denúncias feitas
contra inocentes, não há como dizer que não tiveram sua cota de
responsabilidade, ou de irresponsabilidade, quando permitiram que alguém, a
quem seus defensores e camaradas consideram a materialização da inocência,
fosse julgado e condenado. Logo, se nelas existem homens que não se preocupam
em bem servir aos interesses do país, como aqueles, cujo número da conta
corrente e os grandes bolsos são seu cartão de visita, suas principais
credenciais, talvez seja hora, não de radicalizar, invadindo ou fechando as
Casas em que “trabalham”, mas de buscar maneiras de trazer de volta os que se
afastaram dos caminhos da legalidade, ordem e da justiça.
O
tempo, o momento de dar nome a seus escolhidos, deve ser decidido por você e
seus aliados, não pelos adversários; antes ou, até quando quiser, se lhe faltar
a paciência, em vez de discutir, agredir ou se desgastar, blefe; assim, ou os
que se julgam capacitados a vencer qualquer concorrente cuidam de sua campanha
e trabalham para atingirem seus objetivos, ou desistem, se também eles
estiverem blefando. Chegada a hora – alea jacta est -, aponte seus indicados ou
apoie nomes propostos por aliados. E trabalhe para que os escolhidos possam
superar os adversários; se não der, fazer o quê? Aceitar o resultado das urnas,
pois ele espelha a vontade do povo.
Outro
fato que já cansa até os mais céticos ou ignorantes é essa loa de que o
ex-presidente da república, atualmente, ex-presidiário, é tão inocente quanto o
ex-juiz, hoje, ministro da justiça e segurança pública, é bandido; uma vez que,
dizem, contra o ex-governante, indivíduo de ilibada e irrefutável conduta, tudo
o que fez foi fruto de perseguição política.
Ora,
se, verdadeiramente, mesmo tendo dado ouvidos de mercador, voz e vez a
espertalhões, e se feito de cego perante bandidos, muitos dos que se
refestelaram dos cofres públicos, presos ou sob ameaça de sê-lo, ainda assim,
devolveram fábulas de recursos obtidos em operações nada republicanas, ou seja,
criminosas, desavergonhadas, travestidas em atos de corrupção inquestionáveis;
e quando diversos daqueles corruptos, amedrontados e encurralados, decidiram,
enquanto pessoas físicas, fazer acordos de delação, e/ou, representando
organizações empresariais, de leniência? Há como negar que vários daqueles
crimes foram planejados/cometidos em gabinetes contíguos do ex-presidente
condenado? Ou seja, inocente a figura não é, pois também comete o crime quem
com ele é conivente. Seria um bobo, um tolo de boa cepa, um anjo, pois, não
somente não participou, como nem desconfiou das maracutaias que falsos aliados
tramavam às suas costas?
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