DIÁRIO
[Live das Guitarradas de Mestre Vieira]
Elmar Carvalho
28/08/2020
Recebi ontem, dia 27, um link enviado pelo professor José Francisco Marques, através de WhatsApp, para que eu assistisse a uma live musical, a ser veiculada pelo Facebook. Não a vi em sua integralidade, mas em boa parte, de modo que bem pude aquilatar a sua qualidade.
A banda de cordas, com predominância de guitarras, é liderada
pelo médico Edmilson de Miranda, campomaiorense de velha estirpe, que, após
muitos anos residindo em Brasília, voltou ao seu torrão natal. É casado com a
jornalista Luselene Macedo, que em seu blog tem divulgado a história e a
cultura de Campo Maior. O grupo musical é composto por Edmilson de Miranda
(guitarra solo), José Francisco Marques (guitarra base), Flávio Roberto (baixo),
Júnior Gomes (banjo) e André Duarte (bateria).
Hoje, após algumas trocas de mensagens escritas e de voz, por
WhatsApp, pedi ao Zé Francisco para que escrevesse uma nota, ou mesmo um
artigo, sobre o seu evento virtual, para que eu o divulgasse em meu blog.
Depois, resolvi acolhê-lo em meu Diário destes reclusos tempos covidianos, que venho
publicando na internet, mas espero publicar no formato impresso, quando passar
o período crítico da pandemia. Portanto, segue adiante o texto do caro amigo,
ao qual, no final, acrescentarei alguns comentários, que julgue pertinentes:
“Criamos o grupo de guitarradas em Campo Maior, no intuito de
mostrar aos que ainda não conhecem esse ritmo contagiante. A ideia partiu do
Dr. Edmilson de Miranda (musicista), que voltando de Brasília para desfrutar
merecida aposentadoria no campo da medicina, trouxe em sua bagagem musical para
a terrinha, essa novidade.
A humildade de Mestre Vieira, criador das guitarradas (mistura
de chorinho com ritmos caribenhos como a cúmbia, salsa, merengue), foi sempre
em sua vida marca registrada. Ele compôs 16 álbuns com várias músicas de
sucesso.
De início, relutou em levar a sua arte para outras partes do
país. Fato que de certa forma adiaria a sua visibilidade por determinado tempo,
visto que o amor por sua terra natal, Barcarena no Pará, parecia falar mais
alto. Porém, tamanho talento não poderia viver para sempre recluso ao grande
público. Assim sendo, partiu literalmente para o mundo. Tocou em diversos países da Europa e Estados
Unidos. Na Escócia, recebeu o título de maior guitarrista do mundo.
O Brasil não foi campeão na copa da Alemanha, porém Mestre
Vieira brilhou ao tocar na abertura do mundial de futebol. Recentemente suas
músicas são bem tocadas nos EUA e Austrália. Ele teve músicas tocadas em
comercias, telenovelas, filmes, etc. O Mestre faleceu em 2018, como um
instrumentista reconhecido internacionalmente. Seu legado jamais será
esquecido. Seus filhos, Valdecir Vieira, Wilson Vieira e Waldir Vieira
continuam com a banda e pretendem fazer um memorial com os objetos e músicas
deixados pelo Mestre das Guitarradas.
Tentamos ao máximo
difundir suas músicas, inclusive tocando várias delas, assim como outros
músicos Brasil a fora, que compreenderam a importância de Vieira dentro da
música brasileira. Entre os profissionais temos os mestres das guitarradas:
Aldo Sena, Curica, Pio Lobato, Solano, Bimartins (que mantém um substancial
canal no You Tube, abordando o tema guitarradas), entre outros.
Somos um grupo musical amador de apaixonados pelas
GUITARRADAS.”
Logo de início notei que as músicas eram de alta qualidade,
harmoniosas, de rico ritmo, de perfeito arranjo. Senti que a banda havia
ensaiado todas as músicas à exaustão, porque não havia vacilo nem titubeios,
nem necessidade de consulta a papéis pautados. Todos os instrumentistas bem
sabiam o que estavam fazendo, e deram conta do recado com maestria. Posso dizer
que foram exímios na execução de todas as músicas que ouvi.
Pelo que ouvi e li, o Mestre Vieira (Joaquim de Lima Vieira),
nascido em Barcarena, em 29 de outubro de 1934, e nesta cidade paraense
falecido em 2 de fevereiro de 2018, foi o criador das ditas Guitarradas, em
que misturou a lambada e o carimbó do Pará a vários ritmos caribenhos como cúmbia,
mambo, salsa e merengue. Tudo com muita arte, muita criatividade e beleza rítmica.
Não bastasse tudo isso, foi ainda um exímio guitarrista, tendo merecido o
título, conferido pela Escócia, como enfatizou Zé Francisco no seu texto acima,
de o maior do mundo.
A live, segundo soube, teve uma enorme assistência. Vários
espectadores virtuais mandaram mensagens entusiasmadas de aplauso e incentivo,
tanto por escrito, como através de eloquentes figurinhas, que falavam mais do
que as próprias palavras. Eu mesmo expressei que a execução era de altíssima
voltagem e que o repertório era composto de canções escolhidas com todo cuidado
e rigor.
Numa de minhas mensagens, disse que o Zé Francisco estava se
transformando em um homem literalmente de sete instrumentos. Sim, porque
executa com invulgar talento teclado, violão, cavaquinho, guitarra e um outro
esquisito instrumento de cordas, cujo nome não recordo, fora outros que
desconheço, além dos destinados à percussão.
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