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TRÊS POEMAS DE DANIEL BLUME
Refluxo
Paciência cansada
do refluxo engolido,
da resposta omitida
(ou contida).
Mediocridade calada
por um coletivo
acomodado e sedento.
Livros mofados,
ventiladores de
ácaros,
no calor com
goteiras.
No centro do poder,
pó, ferrugem,
fios, rachaduras e
buracos.
Clamor esquecido,
desaforo erguido,
humilhação erigida.
Estratégia que venha,
paciência que vai,
no refluxo da vida.
Náuseas
Enjôo.
Inimigos e amigos
reunidos,
amigos e inimigos
ligados;
amigos-inimigos,
inimigos-amigos.
Verso reverso
de quem é quem,
ou de quem versus
quem?
Entre favores
esquecidos
ou cobrados,
a cinza impera
e se impetra o cinza.
Assim (dizem)
é o efeito
do sim.
Vômito.
Sem asas
Cresceu, cessou,
cedeu e secou,
como árvore seca sem
folhas.
É abacate sem poupa;
ameixa sem doce;
anta sem mato;
abajur sem lâmpada;
arco sem íris;
Aurélio sem letras;
abolição sem
escravos;
abraço sem colo;
aperto sem força.
Adulto é a criança
que nasce, cresce, seca e morre.
Anjo sem asas, como
nós
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