Fonte: Google/Blog Rabiscos do Antenor |
VÁ TENTAR ENTENDER OS MEANDROS DA POLÍTICA ELEITORAL
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Começarei citando frase,
filosoficamente feliz, que estampou primeira folha de um matutino local, dia
desses: “o maior castigo para quem deixa de votar não está na lei”. Fato é que,
infelizmente, muitas vezes, entre o que a filosofia afirma e o que a realidade
confirma, há considerável distância. Ousaria asseverar que, não raro, um dos
grandes castigos para quem vota reside ou está no próprio voto dado.
Quem
nunca, pensando que estivesse certo e convicto de tomar a providência ideal,
depois de votar segundo sua consciência, pesarosamente ou não, constataria
haver votado na pessoa errada? Aquele que prometia a solução para o que você
tanto buscava e queria, acabaria ampliando a lista de problemas, criando alguns
para situações resolvidas.
Somos
corresponsáveis pelas consequências resultantes dos atos exercidos por aqueles
que ajudamos a colocar nos palácios governamentais e parlamentares, se,
sabidamente, a partir de sua história, dos princípios defendidos, pública ou,
reservadamente, não deixavam margem de que viriam a ser incompatíveis com os
cargos pleiteados. Por outro lado, se as ações tomadas pelos cidadãos que
elegemos não são compatíveis com o que deles esperávamos, tomando, também por
base, sua vida pregressa, suas atitudes cotidianas, enfim, sua história de
vida, isso exime de nós alguma culpa; afinal, teriam sido eles que mudaram seu
modo de ser e de agir, coisa que, ao longo do tempo de conhecimento ou
convívio, não nos haviam dado qualquer indicação ou pista de que poderia
acontecer; todavia, infelizmente, isso não nos livra nem isenta de haver, sim,
cometido um involuntário erro político, por cujas consequências seríamos, de
algum modo, responsáveis.
Agora,
o arrazoado com o qual pretendo encerrar esta fase da arenga: se há que se
falar em castigo para o eleitor, ideal que não o apenemos por fatos cujas
consequências legais extrapolem o alcance do ato de votar ou não; tampouco, tal
castigo pode redundar em descabidas insinuações morais. Votar não é fácil,
pois, ao mesmo tempo, significa exercer um direito e cumprir um dever,
coercitiva e compulsoriamente exigido por lei; o acerto ou erro cometido no
exercício de esse direito-dever é plenamente escusável, porque praticado por
seres humanos. Ou seja, tanto erramos de boa-fé, em confiança, quando damos
nossos votos a quem nos parece o melhor para cuidar do governo e do parlamento;
quanto de má-fé, corrompidos, iludidos ou enganados, ao alçarmos bandidos ou
criminosos à condição de governante ou parlamentar. Enfim, diante de realidade
política que mais nos aflige do que tranquiliza, como a que vivenciamos, não me
parece digressão afirmar que, eleitoralmente, tanto erra quem desobedece a lei
e não vota, quanto acerta o que a obedece e vota. Benefícios e malefícios
político-eleitorais há, nos dois casos.
Ainda
sobre eleição, processo eleitoral e quizumbas semelhantes. Alguém que nunca
teria sido obstado de participar das eleições que quis, mesmo jamais fazendo
campanha eleitoral proativa, pois sempre aproveitou o pouco tempo que lhe foi
reservado na mídia para espezinhar parlamentar, governante ou candidato tal ou
qual; atacar as instituições e as normas eleitorais de tolherem direitos,
cortarem oportunidades, dificultarem a disputa, soa, demagogicamente,
falacioso. Por que insistir, então, teimosamente, em uma quimera, uma utopia
irrealizável? Ora, porque as normas eleitorais permitem-no.
Fui,
até onde julguei conveniente e não localizei, nas normas eleitorais e
partidárias visitadas, nenhum óbice legal à mulher, de qualquer cor, credo ou
condição financeira, de se filiar a um partido político, disputar as convenções
para escolha dos candidatos da legenda e, uma vez selecionada, partir para a
batalha de conquista dos votos que a levariam às casas governamentais ou
parlamentares. Assim, ainda que se tratando de anteprojeto de lei, parece, mais
que demagógico e hipócrita, descabido, um que pleiteia reserva de cinquenta por
cento nas cadeiras nos parlamentos às mulheres – e, já segregativamente, separa
metade desse percentual para as de cor negra –, além de destinar-lhes o dobro
dos recursos financeiros eleitorais atribuídos aos homens. Também não vi, li
nem tomei conhecimento de que algo as impedisse de, no caso de serem,
legitimamente eleitas, ocuparem todas as vagas disponibilizadas por seus
partidos.
Por
fim, quem o tribunal regional eleitoral espera que vá votar nas próximas
eleições municipais se, a fim de garantir a lisura do pleito e a segurança
total nos locais de votação, convoca representações do exército, polícia federal,
rodoviária federal, militar e civil estaduais, guardas municipais e corpo de
bombeiro? Eleitores cidadãos ou uma reca de bandidos e arruaceiros? Vá tentar
entender os meandros da política eleitoral, e boa sorte.
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