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Nasci feio mesmo assim
Jonas Fontenele de Carvalho
Advogado, professor e escritor
Nasci feio mesmo assim,
Logo cedo perdi mãe e fiquei errante,
Nordestino, sangue nada fino, resolvi encarar o mundo
São Paulo logo me encantou, novidades eram tantas
Trabalhei de um tudo moço, passei por momentos ruins
Chorei, sofri, mas resisti, encarei a luta feito mutante
Tudo aparecia veloz demais, ditadura, drogas, modas, resistência
E eu? Perdido no meio daquilo tudo a me triturar, torturar
Nasci feio mesmo assim.
Meus amigos curtindo Gal, Caetano, Mutantes, Gil
E eu ouvindo sem saber mesmo por que, James Brow e Odair José
Tempos brutos exigiam respostas duras,
viver era preciso, navegar não
sem entender o porque do nada o turbilhão passou,
se foi, não entendi nada
hoje, não sei se já maduro, por vezes me pego matutando
pensando nas coisas que vivi, que sofri, que resisti
hoje sorrio um sorriso todo meu, conquistado no ferro e na brasa
e a vida passa despreocupada ao largo de mim
e eu moço? Não sei de nada, só sei que nasci feio mesmo assim.
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