Carlos Rubem
Manoel Selestino da Cruz, falecido, nasceu no dia 15.07.1970. Era magro, cabeça pequena, zarolho de uma vista e tartamudo. Chamava as pessoas de Tia, pelo que ficou assim conhecido.
Mentecapto muito querido. Nas casas em que frequentava, ao se deparar com relógios, óculos, roupas ou outro objeto dando bobeira, afanava o que tivesse ao seu alcance.
Vendia, doava, se desfazia desses bens em qualquer lugar. Questionado onde havia adquirido tais objetos, facilmente confessava de forma enfática: — “robi”!
Passei o réveillon em Teresina. No dia 06 de janeiro último (2021), resolvi visitar Zózimo Tavares na sede da Academia Piauiense de Letras - APL, a qual preside, mas não o encontrei. Fui recepcionado pela simpática Cremísia, funcionária da Casa de Lucídio Freitas.
Conversamos amenidades e sobre o plano editorial da APL. Como vi que a porta do auditório estava entreaberta, fui dar uma espiada. Sobre diversas poltronas repousavam pacotes de livros ultimamente publicados por aquela instituição cultural que não foram lançados no ano passado em face da pertinaz pandemia.
O primeiro exemplar que vi foi “Arte e Tormento”, do poeta Nogueira Tapety (1890 - 1918), 2ª edição, o que me deixou sumamente satisfeito.
Numa busca rápida, localizei também a 2ª edição de “Malhadinha”, de autoria do médico e escritor José Expedito Rêgo (1928 - 2000).
Surrupiei dois exemplares de cada citada obra, as quais me envolvi diretamente em trazê-las a lume. Consecução de sonhos!
De posse de “Arte e Tormento” fiz chegar um exemplar ao Gutemberg Rocha, que no dia seguinte aniversariava. Sensível, falou-me do seu contentamento ao receber o resultado do seu esforço editorial.
O outro, repassei, hoje (19.01.2021), para a tia Amália Campos, 97 anos, sobrinha do aludido vate, em sua biblioteca caseira, a qual ficou visivelmente alegre.
Quis saber como obtive aquele livro. Fiz-lhe um relato como “robi” aquele exemplar. Não gostou!
Acrescentou que iria escrever uma carta ao Zózimo reprochando meu proceder ao tempo em que pretendia agradecer a iniciativa da APL.
Procurei convencê-la a gravar um vídeo acerca do seu expresso propósito, o que aquiesceu. Imediatamente, quis compartilhar estas alvíssaras às suas irmãs Alice e Mirista, também nonagenárias e solteironas. — “A minha mãe [Bembém Campos] sabia de cor todos os poemas do Dr. Benedito [irmão dela], pontuou tia Amália.
Também nesta data entreguei ao Gustavo Rêgo, filho do autor de “Malhadinha”, um exemplar desta obra no futuro Memorial José Expedito Rêgo, que será instalado numa dependência da antiga casa onde dito escriba nasceu, situada no perímetro histórico da cidade.
Aqui, o ansiado lançamento de “Malhadinha” se dará com inauguração daquele espaço de memória, em breve. Haverá marcante sarau literário, na tradicional Rua do Fogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário