terça-feira, 11 de maio de 2021

NOVENTA E NOVE ANOS DE CELSO BARROS

Celso Barros em sua terra natal, entre os acadêmicos Fonseca Neto e Zózimo Tavares, em 2019. Ao fundo, a sede da Academia de Letras, História e Ecologia de Pastos Bons / Foto: Regina Tavares


NOVENTA E NOVE ANOS DE  CELSO BARROS        

 

Jonathas  Nunes                                                                                                    


Conhecer, ao longo da vida, homens da estatura intelectual de Celso Barros Coelho é honraria para poucos. Ainda jovem, ouvia referências elogiosas sobre sua presença na vida em clausura do Seminário Diocesano. Anos mais tarde soube da firmeza com que enfrentou os arreganhos da Ditadura militar ainda na década de sessenta. Advogado, exibiu destreza invulgar ao terçar armas na sala dos Tribunais. E também na antessala dos corredores da Justiça: certa feita foi visto engalfinhando-se em luta corporal com o prócer da parte contrária, ao relutar em levar desaforo para casa. Sua simples presença dava nome e renome à  cátedra universitária ufpiana.  Vi bem de perto, anos depois, Celso, meu colega na Câmara Federal, já na década de oitenta. Na Tribuna do Congresso, brandindo o chicote da palavra com maestria invulgar,  fosse na sutileza do argumento, na ironia da crítica, na instantaneidade do lampejo repentino. Certa feita, foi cáustico com o orador que esboçava queixume com ar de choro:.... “se V.Exa. tem vocação para carpideira, a Tribuna não lhe serve de assento.”

Em pelo menos duas oportunidades pude manifestar de forma explícita, minha sentida admiração pelo intelectual  Celso Barros Coelho.  Em 1984 e 1985, fui escolhido pelo  Parlamento Latino Americano para Reunião solene, a primeira em Washington e a segunda em Cartagena, na Colômbia. Declinei de ambas. Ao fazê-lo, transferi o Convite para o Colega  Deputado Celso Barros Coelho que me agradeceu e aceitou de plano. Um parêntese: dificilmente um Deputado Federal pelo Piauí pode ter uma presença física nos diversos municípios como o então Deputado Federal Jonathas Nunes. À época, não havia ainda as chamadas verbas parlamentares para distribuição a critério de cada Deputado. Pensei então com meus botões: já que não me é possível carrear algum recurso, irei pelo menos visitar o município em pessoa. Quando dos dois convites acima, declinei dos mesmos precisamente porque estava com visita marcada a São João da Serra e o outro me parece que a Landri Sales.

Ainda bem antes da pandemia, alegrava a todos a presença do querido Acadêmico Celso Barros a nossas reuniões semanais. A pandemia tem de certa forma subtraído a visão daquelas centelhas de luz que promanam de cada intervenção do Celso em reunião da APL. Agora que ele transpõe a marca dos noventa e nove, a certeza me diz que em breve, na reunião da APL, vou rever de perto as fagulhas de luz que emanam dessa mente centenária.    

3 comentários:

  1. Ótimo texto. Jônatas se expressou com maestria sobre essa figura lendária que é Dr. Celso. Não sei se você sabe, mas os dois são meus parentes. Um, Celso Barros, da parte maranhense da minha mãe, de Pastos Bons; Jônatas de Barros Nunes, da parte do meu pai, picoense.

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  2. O Comandante Jônathas fez uma excelente crônica, e um merecido elogio à figura de Celso Barros Coelho.

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