ABERTURA
Francisco Miguel de Moura*
Pra dizer o que dentro me deplora
abandono a linguagem lá de fora,
empurrando as cancelas do roçado,
com mãos e pés já sujos do
passado.
Vejo o sol com seu brilho nos
meus olhos
e as nuvens na poeira dos
escolhos.
Ponho a enxada e a foice em
abandono
para gozar a terra, já sem dono.
Assim fujo sem dor e sem
conflito,
ao apagar de mágoas, num só
grito.
E aí começa a vida de minha alma,
e eu escrevo e me vejo e bato
palma.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta
brasileiro,
mora em Teresina -PI-BR
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