Irreverência
Carlos Rubem
Gerson Campos era um “homem-menino, sentimentaloide incorrigível”. Poeta. Brincalhão. Irresponsável, no bom sentido. Adorava a sua terra natal, Oeiras. Cursou o ginásio em Floriano. Na época em que estudava na “Princesa do Sul”, o seu pai, Joel, que gostava de andar sempre elegante, encomendou um paletó a um alfaiate daquela cidade seu conhecido.
Quando recebeu a nova roupa, Joel Campos mandou o dinheiro por Gerson para pagar o seu feitio. Não deu outra: Gerson torrou a grana toda em bebedeira. Vida de boêmio sabe-se como é!
Decorrido mais de um ano, o artista, através de um comum amigo, mandou cobrar ao vovô Joel a feitura da roupa. O velho participou o fato a sua esposa, Bembém. Esta, escreveu uma carta ao filho, que já fazia o científico no Recife, passando-lhe a maior descompostura. Só faltou dizer que o mundo ia se acabar por causa da traquinagem praticada.
Naquele ano estava em voga uma canção de Dalva de Oliveira. Gerson aproveitou o título da música, passando a seu pai um lacônico telegrama-confissão: “Errei sim, manchei o teu nome!”
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