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A BARRAGEM DE CASTELHANO E A BELA AMARANTE
Elmar Carvalho
Foi muito concorrida e participativa a reunião da APL, de
ontem. O acadêmico Paulo Nunes levantou grave questão. Disse que há fortes
suspeitas de que a barragem de Castelhano, a ser construída a jusante da cidade
de Palmeirais, poderá inundar parte dessa cidade e das cidades de Amarante e
São Francisco – MA, e que isso poderia trazer graves consequências ao
patrimônio arquitetônico da terra de Da Costa e Silva, que é um dos mais ricos
do Piauí.
Na sua opinião, a terra dacostiana é uma das mais bonitas
cidades do mundo. Entre outras edificações, seriam atingidas a Casa de Odilon
Nunes e a Casa dos Azulejos. A primeira, além do seu valor histórico e
arquitetônico, abriga o Museu Odilon Nunes, cujo patrono foi um dos maiores
historiadores do Piauí. A segunda, de beleza ímpar, situada na Avenida
Desembargador Amaral, tem a sua fachada externa toda revestida de azulejos
importados da Europa, salvo engano de Portugal.
Propôs que a Academia realizasse uma audiência pública.
Evidentemente, o assunto foi debatido e, por fim, aprovado por unanimidade. O
acadêmico Manfredi Cerqueira, com a sua conhecida verve, lembrou o temor que
causou a construção da barragem do rio Piracuruca, e disse que esses tipos de
obras sempre “algo dão”, e lembrou o recente episódio da barragem de Algodões,
que até hoje traumatiza a população ribeirinha dos municípios de Cocal e Buriti
dos Lopes.
O acadêmico Jônathas Nunes explicou que barragem pode trazer
problema tanto a montante, com as possíveis inundações, como a jusante, com o
fantasma do rompimento da parede, que pode ocasionar catástrofe, como a
lembrada tragédia de Algodões. Aduziu que a construção de Central Nuclear
poderia ser uma alternativa, mas o acadêmico Nelson Nery não achou esta uma boa
opção, por causa de possível vazamento radioativo.
A confreira Fides Angélica lembrou outras matrizes
energéticas, como a eólica e a solar. O professor Jônathas informou que, com
relação à eólica, os ventos somente são suficientemente fortes no litoral e em
região do município de Paulistana, e que, quanto à solar, o espaço deverá ser
muito grande para uma produção muito pequena de energia.
De qualquer sorte, ficou decidido que a Academia Piauiense de
Letras promoverá um grande debate em torno do assunto, sobretudo por causa da
possibilidade de inundação de parte da antiga e velha arquitetura da bucólica e
bela Amarante.
21 de março de 2010
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