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Aos quase trinta
Paulo Véras (1953 – 1983)
Aos quase trinta
– Amadurecente
Agridoce fruto
Em úmido pomar.
Ao meio da teia
Minha vida tateia.
Eu queria que
a minha morte
Fosse como a
de um trapezista
Que
despenca do alto,
Flutua, desafia
a gravidade,
Ensaia traços
de pássaro
E cai com
suavidade.
Eu queria que
a minha morte
Fosse como a
de um mágico
Que transforma
a realidade em fantasia.
A fantasia em
realidade
E se mata com
um tiro,
Um tiro de
verdade.
Não quero
morrer de tarde.
As flores
estarão murchas e tépidas...
As tardes não foram
feitas para se morrer.
Morrer de
tarde incomoda bastante
Como o tic-tac
do relógio, tecendo uma infinita
Cambraia de
vento e tempo,
Tempo e vento.
Fonte: Poemágico - a nova alquimia (1985)
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