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DUAS TIRADAS DE A. TITO FILHO
Elmar Carvalho
Pelos misteriosos mecanismos da
memória, a lembrança de A. Tito Filho me acudiu hoje com muita insistência.
Tinha com ele certa amizade, e ele me tinha consideração e respeito
intelectual. Tanto que, espontaneamente, me pediu organizasse um livro para ele
publicar. Entreguei-lhe o A Rosa dos Ventos Gerais, no início dos anos 1990,
mas com a sua morte, em 1992, não pôde cumprir a promessa.
Falei desse caso ao professor M.
Paulo Nunes, que assumira a presidência da APL, e ele submeteu o calhamaço ao
Conselho Editorial da entidade, e, sob a relatoria do professor Wilson Andrade
Brandão, a publicação foi aprovada e o livro terminou vindo a lume através da
Editora da UFPI. Depois, esse livro foi reeditado com a supressão do artigo
definido de seu título.
Certa feita, encontrei A. Tito
Filho perto dos elevadores do prédio da Delegacia do Ministério da Fazenda.
Aproveitei para lhe perguntar sobre o modismo, que então começava, de não mais
se chamar mulher de poetisa, mas de poeta. Ele disse não concordar com isso, e
respondeu-me que, da mesma forma, se fosse para se seguir essas "novidades", não deveria existir a palavra mulher, mas “a
homem”, nem princesa, porém “a príncipe”.
Não foram exatamente essas as
palavras, mas algo semelhante, no mesmo sentido. Isso foi dito com a sua
saudável e bem-humorada ironia. Eu também não entendia essa mudança gramatical,
contudo, para não ser tachado de antiquado e nem de machista, assimilei essa
espécie de neologismo, vamos dizer assim.
Noutra ocasião, estava eu na
Academia, que já frequentava com relativa assiduidade, quando um intelectual,
algo ingenuamente, perguntou ao mestre se a pronúncia de determinada palavra
deveria ser "naiscimento" ou nascimento. O velho professor lhe
respondeu com outra pergunta: - Fulano, existe um i entre o a e o s? O outro
lhe respondeu, como não poderia ser diferente, que não. A. Tito Filho,
incontinenti, arrematou: - Então, Fulano, a pronúncia é nascimento.
A. Tito Filho, entre seus pares,
foi o primeiro a me acenar com a imortalidade acadêmica. Certamente nesse aceno
falou mais forte o seu coração generoso e a sua amizade, no intuito de
estimular um ainda jovem poeta.
19 de maio de 2010
Não sou contra mudanças. Evoluir é necessário. Certa vez, escrevi que, Poetisa era mais musical, mais poético. Fui crucificado. A. Tito Filho tão grande quanto o saber que possuía, era a grndeza de espírito.
ResponderExcluirWilton Porto